Na véspera, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) já havia alertado para o número cada vez maior de crianças sob risco de morrer de desnutrição severa. Em reunião sobre segurança alimentar organizada pelos EUA, em Nova York, Guterres apelou à Rússia para permitir "a exportação segura de grãos armazenados nos portos ucranianos".
Por Redação, com agências internacionais - de Nova York, ONU
Secretário-geral da ONU, o diplomata António Guterres alertou, nesta quinta-feira, para um "novo recorde" nos níveis globais de fome e para o altíssimo número de pessoas em insegurança alimentar severa, que duplicou de 135 milhões, no período pré-pandemia, para 276 milhões atualmente.
A já difícil situação se agravou ainda mais após o início da guerra na Ucrânia, que impossibilitou o escoamento adequado da grande produção de grãos no país do Leste Europeu e interrompeu cadeias de distribuição.
Esperança
Guterres disse que está em "intenso contato" com Rússia, Ucrânia, Turquia, Estados Unidos e União Europeia, em um esforço para restaurar as exportações de grãos ucranianos à medida que a crise alimentar global se agrava.
— Estou esperançoso, mas ainda há um caminho a percorrer. As complexas implicações de segurança, econômicas e financeiras exigem boa vontade de todos os lados —, afirmou Guterres, que visitou Moscou e Kiev no final do mês passado.
Na véspera, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) já havia alertado para o número cada vez maior de crianças sob risco de morrer de desnutrição severa. Em reunião sobre segurança alimentar organizada pelos EUA, em Nova York, Guterres apelou à Rússia para permitir "a exportação segura de grãos armazenados nos portos ucranianos" e para que alimentos e fertilizantes russos, bem como os de Belarus, "tenham acesso total e irrestrito aos mercados mundiais”.
Em pauta
A invasão da Ucrânia pela Rússia fez com que os preços globais de grãos, óleos de cozinha, combustível e fertilizantes disparassem. Segundo Guterres, isso piorará a crise alimentar, energética e econômica nos países pobres.
— Ameaça levar dezenas de milhões de pessoas à insegurança alimentar, seguida de desnutrição e fome em massa e escassez de alimentos, em uma crise que pode durar anos — acrescentou Guterres.
De acordo com o secretário-geral, a realidade atual terá um impacto devastador sobre as sociedades, como em crianças que podem sofrer os efeitos da desnutrição ao longo da vida, em "meninas que serão retiradas das escolas e forçadas a trabalhar ou a casar" e em "famílias que terão de embarcar em perigosas viagens continentais, apenas para sobreviver".
O tema permanecia em pauta na reunião desta tarde, no Conselho de Segurança da ONU.