Paes anunciou que vai suspender os pagamentos à construtora Concrejato, responsável pela obra, alegando pendências trabalhistas.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
As obras de restauração da estação Barão de Mauá, conhecida como Estação da Leopoldina, estão praticamente paralisadas no Rio de Janeiro. Avaliada em R$ 72,3 milhões, a intervenção deveria ser um marco na expansão do projeto Porto Maravilha, com foco no bairro de São Cristóvão. No entanto, o que era para ser um símbolo de revitalização se tornou um novo imbróglio político-administrativo para o prefeito Eduardo Paes.

Na última segunda-feira, Paes anunciou que vai suspender os pagamentos à construtora Concrejato, responsável pela obra, alegando pendências trabalhistas. Nos bastidores, segundo o diário conservador carioca O Globo, o motivo seria outro: a necessidade de conter despesas após uma queda de arrecadação em 2024 que gerou um déficit de R$ 690 milhões. A prefeitura só evitou fechar o ano no vermelho graças a uma reserva financeira acumulada nos anos anteriores.
A construtora, sem receber desde o fim de 2024, vinha cobrando R$ 7,8 milhões em faturas atrasadas. A tensão aumentou quando a empresa decidiu retirar as telas de proteção das fachadas da estação, gesto que teria sido interpretado como uma forma de pressão por parte do prefeito. Após o impasse, parte das telas começou a ser reinstalada, mas o canteiro continua abandonado, com entulhos acumulados em frente ao prédio.
A paralisação
A paralisação acontece justamente na semana em que as obras completaram um ano. A meta da prefeitura é entregar a restauração até 6 de novembro de 2026, data do centenário da estação. Com o atraso atual, essa previsão fica cada vez mais ameaçada.
Enquanto isso, Paes tenta equilibrar as contas e reestruturar a arrecadação. Entre as medidas estão renegociação de contratos, anistia fiscal para devedores e até projetos de regularização de construções irregulares mediante o pagamento de taxas. Ao mesmo tempo, a Câmara de Vereadores aprovou leis para facilitar o aumento de receita municipal.
Apesar do atraso na Leopoldina, as obras da Fábrica do Samba, também no terreno da antiga estação, seguem em ritmo normal, sob responsabilidade de outra empreiteira. O espaço vai abrigar os galpões das escolas da Série Ouro do Carnaval.
O futuro da área ainda depende de um novo plano do BNDES, que assinou convênio com a prefeitura para elaborar um projeto executivo que abrange os 124 mil m² do terreno. A proposta inclui a instalação de equipamentos públicos e até condomínios populares, de olho na possível escolha de Rio e Niterói como sedes dos Jogos Pan-Americanos de 2031. Enquanto isso, o Ministério Público Federal acompanha a situação de perto. O procurador Sérgio Suiama confirmou que haverá vistoria no local e reforçou que existe uma ação judicial desde 2013 exigindo a recuperação do prédio, abandonado desde 2002.