Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Novas evidências mostram que servidores de Bolsonaro repassavam salários

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Sábado, 15 de Dezembro de 2018 às 15:28, por: CdB

Queiroz seria o responsável por recolher os valores oriundos de salários recebidos pelos funcionários, segundo apuram os investigadores.

 
Por Redação - do Rio de Janeiro
  As evidências de desvio de recursos dos salários dos servidores lotados no gabinete do deputado estadual, ora senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) avolumam-se no inquérito que percorre o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), desde a semana passada. Desaparecido, desde então, o ex-assessor Fabrício de Queiroz, demitido por Bolsonaro assim que a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Furna da Onça, em outubro, até agora não prestou esclarecimentos aos promotores.
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Queiroz, ao lado do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), é alvo de investigação policial
Novos indícios de que ao menos uma funcionária teria depositado na conta de Queiroz o equivalente a quase tudo que recebeu na Casa no período investigado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras(Coaf) foram vazados para a mídia conservadora, neste sábado. Crescem as suspeitas de que Queiroz era o arrecadador da família Bolsonaro. Queiroz seria o responsável por recolher os valores oriundos de salários recebidos pelos funcionários, segundo apuram os investigadores. Nathalia Melo de Queiroz, filha do ex-servidor, repassou para a conta do pai R$ 97.641,20, o equivalente a 99% do pagamento líquido de um assessor da Alerj, sendo crédito mensal médio de R$ 7.510,86. Os promotores sublinharam, na Operação, que no período investigado Nathalia era funcionária da Alerj de setembro de 2007 a dezembro de 2016, Ela também trabalhou como assessora no gabinete do então deputado e hoje presidente eleito, Jair Bolsonaro, sendo exonerada em 15 de outubro, mesmo dia em que seu pai foi desligado do gabinete de Flávio, após a revelação do esquema fraudulento.

Personal trainer

Ao mesmo tempo em que Nathalia estava lotada no gabinete parlamentar, também atuava como personal trainer de artistas e milionários, no Rio, exercendo a atividade durante o horário comercial. Uma outra servidora também repassou a Queiroz grande parte do salário na Aler. Trata-se de Márcia Oliveira de Aguiar, a mulher do ex-assessor. Os valores somam R$ 52.124,00 ­ uma média (total dividido por 13 meses) de R$ 4.009,23. O documento do Coaf transparece que Márcia transferiu percentuais equivalentes de 31% a 46% do que recebeu por mês no período. Mais uma servidora, desta vez Luiza Souza Paes, aumentou o saldo nas contas de Queiroz com transferências equivalentes a percentuais que variam de 24,8% a 33,5% do salário no período. Sua renda, segundo o Coaf, era de R$ 3.479 mensais e a transferência média era de R$ 863,53.

Valores médios

Jorge Luís de Souza, que também trabalhava para Flávio Bolsonaro, tinha salário bruto de R$ 5.486,76 e depositou, mensalmente, valores médios na ordem de R$ 1.573,46, um percentual equivalente a 7,69%, 28,67% e 32,46%. Levantamento realizado pelo diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo mostrou, ainda, que 57% dos depósitos feitos na conta de Fabrício Queiroz investigada pelo Coaf ocorreram no dia do pagamento dos salários na Alerj no período, ou até três dias úteis depois. Diante da fuzilaria que encara na mídia conservadora, resta a Bolsonaro, segundo o seu guru intelectual Olavo de Carvalho, dublê de astrólogo e filósofo amador tentar calar os meios de comunicação, por meio de uma série de ataques coordenados.

Calem o mensageiro

"Como já expliquei várias vezes, ou o governo ataca a mídia corrupta desde já e sem complacência, ou a mídia corrupta vai fazer dele gato e sapato, mentindo como louca todos os dias", escreveu Carvalho, em um microblog. Em parte, Bolsonaro já tem apelado à estratégia sugerida por Carvalho. Também no Twitter, Bolsonaro já avisou que pretende cortar a verba oficial para a mídia. Ele sinalizou, ainda, que a prioridade serão os sites, blogs e mídias das redes sociais, além de alguns veículos de extrema-direita ou alinhados integralmente ao seu plano de governo. Em outra mensagem, Bolsonaro afirmou que a Caixa Econômica Federal teria gasto R$ 2,5 bilhões em publicidade em 2018. O banco, entretanto, o desmentiu. Em nota, informou que o valor investido foi cinco vezes menor do que ele havia divulgado.
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