Casos diários no país asiático pulam de 100 em janeiro para mais de 1,5 mil. Especialistas afirmam que cepa XBB.1.16, da família da Ômicron, é mais contagiosa, mas não há indícios de que leve a maior gravidade da doença.
Por Redação, com DW - de Nova Délhi
A Índia vem registrando um aumento no número de novos casos diários de covid-19. Virologistas e epidemiologistas acreditam que isso se deve a uma nova variante do coronavírus em circulação no país, a XBB.1.16, da família da Ômicron.
Segundo dados do Ministério da Saúde da Índia divulgados na terça-feira, o país teve 1.573 novas infecções em 24 horas, e os casos ativos aumentaram para 10.981.
O número é expressivamente superior aos menos de 100 novos casos diários que o país chegou a relatar em alguns dias de janeiro, a menor taxa desde o início da pandemia.
– Novas variantes continuarão chegando à medida que o vírus continua a sofrer mutações ao longo do tempo, e a XBB 1.16 é a nova cepa. Todas são da família ômicron, com maior infectividade e menor virulência – explicou à agência alemã Deutsche Welle ( DW ) Srinath Reddy, ex-presidente da Fundação de Saúde Pública da Índia.
Após o aumento de casos, o secretário do Ministério da Saúde indiano Rajesh Bhushan realizou uma reunião com autoridades de vários estados e pediu que os hospitais simulem exercícios, nos dias 10 e 11 de abril, para garantir a prontidão operacional da infraestrutura médica.
– O objetivo é fazer um balanço da disponibilidade de medicamentos, leitos hospitalares, equipamentos médicos e oxigênio – disse um alto funcionário da saúde à DW.
Um exercício semelhante foi realizado em dezembro do ano passado, quando houve um aumento nos casos de covid-19 em países como China, Japão, Brasil e Coreia do Sul.
Aumento de casos passageiro
Apesar do aumento de casos, Gautam Menon, reitor de pesquisa da Universidade Ashoka, na Índia, afirma que não há motivo para pânico.
– O aumento de infecções não resultou em um aumento de casos graves. Isso ocorre porque a nova variante está encontrando uma população que já está substancialmente protegida contra doenças graves, por meio de uma infecção anterior ou de vacinação ou, na maioria dos casos, de ambos – explica.
– Os sintomas e sua relativa suavidade sugerem que a covid-19 provavelmente permanecerá conosco no futuro previsível, causando doenças leves de maneira sazonal, assim como os outros coronavírus humanos que causam cerca de 30% dos resfriados comuns – acrescenta Menon.
Vineeta Bal, do Instituto Indiano de Educação e Pesquisa Científica de Pune, afirma que já é possível discernir um padrão, no qual uma variante do coronavírus mais transmissível aparece, substitui a dominante, leva a um aumento de casos e depois desaparece à medida que as pessoas ganham imunidade.
– Um processo semelhante também está acontecendo com a XBB.1.16 – diz. "A variante parece marginalmente mais infecciosa, possivelmente levando a algum aumento nos casos de covid sintomáticos, embora não de forma esmagadora."
Segundo ela, é provável que a imunidade devido à vacinação e infecções anteriores esteja diminuindo na comunidade e, portanto, "uma variante recombinante como XBB.1.16 está ganhando algum terreno". "Não espero outro grande surto da doença grave, e esse aumento de casos pode diminuir em algum tempo", completa.
Ampliação da cobertura vacinal
A Índia é o segundo país mais populoso do mundo, com mais de 1,4 bilhão de pessoas, e administrou mais de 2,2 bilhões de doses de vacinas contra a covid-19.
No entanto, dados do governo mostram que apenas cerca de 30% da população elegível recebeu até agora uma terceira dose ou dose de reforço. As autoridades dizem que estão tentando expandir essa cobertura, especialmente entre os grupos mais vulneráveis.
Segundo o epidemiologista Giridhara Babu, a "vigilância proativa" é fundamental para evitar outro surto em massa.
– Apesar de a XBB.1.16 ser potencialmente mais contagiosa do que outras variantes da ômicron, não há evidências que sugiram que ela leve a uma maior gravidade da doença ou a um aumento das taxas de hospitalização e mortalidade – enfatiza.
– Com a covid-19 agora endêmica, é crucial continuar os esforços de vigilância proativa para orientar o futuro curso de ação.