Sociedade Brasileira de Cardiologia estabeleceu novos marcadores e metas para cada grupo; médicos recomendam cuidados.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A Sociedade Brasileira de Cardiologia lançou, na quarta-feira, a atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, que estabelece novos marcadores de colesterol e cria a categoria de risco extremo. Em entrevista à Agenda do Poder, o secretario municipal de saúde falou sobre o planejamento da prefeitura para aderir às mudanças.

A medida é voltada a pacientes que já tiveram múltiplos eventos cardiovasculares, com meta de LDL abaixo de 40 mg-dL. Os novos marcadores, como colesterol não-HDL, apolipoproteína B e lipoproteína(a), passam a ser utilizados para avaliar o risco cardiovascular de forma mais precisa.
O que mudou: categoria de risco extremo
Agora existe uma classificação para pacientes que já tiveram vários problemas cardíacos graves. Para essas pessoas, a meta de LDL, o chamado ”colesterol ruim”, é menor que 40 mg/dL. Essa categoria não existia antes.
Além disso, novas metas de LDL para outros grupos:
Baixo risco: menor que 115 mg/dL (antes era 130 mg/dL)
Risco intermediário: menor que 100 mg/dL (sem alteração)
Alto risco: menor que 70 mg/dL (sem alteração)
Muito alto: menor que 50 mg/dL (antes era 70 mg/dL)
Além de criar a categoria de risco extremo e reduzir as metas de LDL, a nova diretriz também introduz ferramentas e estratégias para avaliar o risco de forma mais precisa e personalizada. Para entender melhor quem está em maior risco de problemas cardíacos, os médicos agora podem usar outros indicadores além do LDL.
Colesterol não-HDL: mostra todas as gorduras presentes no sangue e oferece uma visão mais completa do perfil lipídico.
Apolipoproteína B: ajuda a identificar pessoas com risco elevado mesmo quando o LDL está dentro da meta.
Lipoproteína(a): fator genético que aumenta o risco de doenças do coração; precisa de atenção especial se estiver alto.
– Por que essa margem foi criada? Antes, a gente chamava o paciente de alto risco, então, ele pega esse paciente e coloca ele dividido em alto risco, que são aqueles pacientes que têm múltiplos fatores de risco e que têm uma meta de LDL para ser atingida, que é um LDL menor que 70, mas cria o paciente de muito alto risco, extremo risco, que é aquele paciente que já teve infarto, já teve AVC, já tem doença na carótida da encefálica, enfim, já teve eventos vasculares e cardíacos. Então, por isso a ideia de ter um colesterol menor possível abaixo de 40 e continuar associando, quando é preciso, medicação para isso – explica o cardiologista Alexandre Rouge.
Segundo o documento, cada paciente deve ser avaliado individualmente, levando em conta histórico de doenças, hábitos de vida e condições como diabetes, obesidade ou tabagismo.
– Para pessoas que já têm, inclusive, histórico na família de doença cardiovascular, de alteração do colesterol, você tem que desde muito cedo começar com hábitos saudáveis, comidas mais naturais possíveis, menos processados e atividades físicas – recomenda o especialista.
Unidades de saúde
Em entrevista à Agenda do Poder, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, destacou a importância das mudanças e informou que 12 mil pessoas devem ser acompanhadas pelas unidades de saúde.
– A nova diretriz representa um avanço significativo na prevenção de doenças cardiovasculares. Estamos mapeando os pacientes de risco extremo e já identificamos aproximadamente 12 mil pessoas que serão acompanhadas nas unidades de saúde – explicou.
Ainda conforme o secretário, todos os pacientes identificados com LDL acima de 40 mg/dL serão chamados para avaliação clínica e receberão orientação sobre hábitos de vida e estratégias para reduzir o colesterol. Além disso, haverá reforço no programa antitabagismo da Prefeitura do Rio.
– Vamos reforçar programas de controle do tabagismo para essas pessoas que têm colesterol alto e são tabagistas, recomendando, porque isso potencializa o risco de ter uma situação mais grave. Também estamos investindo muito no combate ao sedentarismo, por meio das Academias Cariocas. Nosso objetivo é reduzir o risco cardiovascular desses pacientes e melhorar a saúde da população.