Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

A 'nova' política e os desafios do futuro

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Terça, 14 de Dezembro de 2021 às 06:51, por: CdB

 

O desemprego também é outra dura realidade enfrentada pela população, especialmente os mais jovens. Uma das alternativas do município para diversificar a sua economia seria priorizar a chamada “economia verde” e também a cultura. A cidade completou, em outubro deste ano, 220 anos de história.

Por Anderson Pereira– de Brasília

Trinta e um anos separam a eleição do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1989, da vitória do prefeito Igor Santos (DEM), em 2020, considerado um dos mais jovens do Brasil. A comparação entre os dois políticos nos remete a célebre frase do filósofo italiano Antônio Gramsci: “O velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer”.
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Moradores de Paracatu enfrentam impactos negativos da mineradora Kinross
Igor Santos, de 24 anos, é prefeito da cidade mineira de Paracatu, município com quase 100 mil habitantes, localizado na região Noroeste do Estado. Elegeu-se com um discurso em defesa da “nova” política. Após um ano à frente da prefeitura, porém, a mudança ainda não aconteceu. O prefeito enviou para a Câmara dos Vereadores um projeto de reforma Administrativa que cria 114 cargos de confiança com altos salários. Em alguns cargos, os salários chegam a quase R$ 11 mil. Apesar da pouca idade, o prefeito de Paracatu alia-se ao que existe de mais atrasado na política. A reforma Administrativa que pretende aprovar no município ocorre no momento em que o governo Federal tenta votar outra reforma no Congresso Nacional.

PEC-32

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC-32) do governo Bolsonaro reduz a estabilidade dos servidores e muda a forma de contratação do funcionalismo público. “Essas alterações podem resultar na descontinuidade da prestação do serviço público, perda de memória técnica, dificuldade de planejamento em longo prazo, rompimento do fluxo de informações e, não menos importante, estímulo ao “apadrinhamento” político, “cabides” de emprego, o uso indevido do poder político para fins particulares eleitoreiros e não para fins de interesse público e, ainda, aprofundar e facilitar a corrupção em órgãos públicos”, alerta o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Igor Santos nasceu em Paracatu no ano de 1997. Formou-se em Relações Econômicas Internacionais pela UFMG, estudou no Chile e retornou ao Brasil até se candidatar e vencer, pela primeira vez, as eleições municipais. Na internet, ele diz que estudou Gestão na Espanha e ao voltar para o Brasil foi aluno do RenovaBR. Talvez por ter morado tantos anos fora, Igor Santos tenha perdido o contato com a realidade brasileira e paracatuense. A cidade de Paracatu abriga uma das sedes da empresa de mineração Kinross, responsável por destruir o meio ambiente no município há décadas. A atividade minerária tem impactado na falta d´água em vários bairros e também na saúde da população.

Desemprego

Todos os anos, vários paracatuenses são obrigados a deixar o município para buscar tratamento médico especializado em cidades como Brasília, Barretos (SP), Patos de Minas e Belo Horizonte. O desemprego também é outra dura realidade enfrentada pela população, especialmente os mais jovens. Uma das alternativas do município para diversificar a sua economia seria priorizar a chamada “economia verde” e também a cultura. A cidade completou, em outubro deste ano, 220 anos de história. Nas suas ruas históricas, existem casarões e igrejas centenárias. A culinária também é outro importante atrativo da cidade, que ainda possui dezenas de cachoeiras e trilhas ecológicas. Apesar de todo esse potencial econômico e cultural, o atual prefeito, Igor Santos, governa para uma elite do atraso. Todavia, ainda há tempo para acertar o caminho. O momento político e econômico do Brasil e do mundo exige coragem e lucidez. O Relatório Mundial sobre as Desigualdades para 2022, liderado pelo economista francês, Thomas Piketty, revela que os 10% mais ricos detêm 52% da renda global, enquanto a metade mais pobre fica com apenas 8%. No Brasil, a Pesquisa Industrial Anual 2019, divulgada neste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a desindustrialização acontece há décadas no país, mas se aprofunda com a política neoliberal dos anos 1990 e ainda mais com o ultraliberalismo do governo atual e seus aliados.  

Anderson Pereira, é jornalista.

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

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