Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Nível de tensão entre Itamaraty e Tel Aviv atinge seu ponto máximo

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Quinta, 09 de Novembro de 2023 às 18:49, por: CdB

Na véspera, o representante israelense reuniu-se no Congresso, durante um ato político, com o ex-presidente Jair Bolsonaro e parlamentares de ultradireita. A atitude foi interpretada pelo governo Lula como uma clara provocação que, por força maior, ainda não foi devidamente respondida.


Por Redação - de Brasília

Embora o pragmatismo prevaleça nas relações entre Brasil e Israel, até o momento em que as famílias brasileiras retidas na passagem de Rafah, entre a Palestina e o Egito, sejam liberadas, o nível de irritação do Itamaraty quanto às ações israelenses, no campo diplomático, aproxima-se do ponto de fervura. Em conversas reservadas, diplomatas brasileiros já cogitam o pedido de remoção do embaixador israelense, Daniel Zonshine, tão logo os nacionais retidos na zona de conflito sejam liberados.

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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, esteve com o presidente Lula antes de viajar ao Cairo


Na véspera, o representante israelense reuniu-se no Congresso, durante um ato político, com o ex-presidente Jair Bolsonaro e parlamentares de ultradireita. A atitude foi interpretada pelo governo Lula como uma clara provocação que, por força maior, ainda não foi devidamente respondida.

— Mas será, que ninguém tenha dúvida — afirmou um diplomata do Itamaraty à reportagem do Correio do Brasil, nesta manhã, em condição de anonimato.

 

Fígado


Não foi a primeira vez que Zonshine derrapa nas relações com o governo petista. Ele já foi convidado outras três vezes a prestar esclarecimentos ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) por declarações polêmicas. Dessa feita, porém, na avaliação daquele oficial, o representante do governo de Benjamin Netanyahu “passou de todos os limites”.

O momento, no entanto, é de “preservar o fígado”, disse a fonte, e agir de forma objetiva para libertar os 36 brasileiros retidos na fronteira egípcia. Até que o grupo desembarque em Brasília, em segurança, o chanceler Mauro Vieira determinou absoluto silêncio por parte do Itamaraty quanto às atitudes tomadas contra o Palácio do Planalto.

Para esticar ainda mais o fio que preserva a relação entre os dois países, no entanto, organizações de todo o mundo promoveram no sábado o ‘Dia Internacional de Solidariedade à Palestina’ e manifestações massivas ocorreram ao redor do mundo para condenar o massacre que o Estado de Israel vem promovendo na Faixa de Gaza.

 

Crimes em série


Uma das reivindicações mais repetidas durante as manifestações, tanto na capital paulista quanto em outros centros urbanos no país, que contou com a presença de líderes de partidos políticos, movimentos sociais e organizações árabes e palestinas, foi um pedido para que o governo brasileiro rompa relações diplomáticas com Israel.

O argumento é que um Estado, especialmente o brasileiro, decisivo para a criação de Israel em 1948, não poderia manter relações com uma nação que vem promovendo o que classificam como uma limpeza étnica contra o povo palestino e cometa crimes de guerra em série contra civis.

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