Após descumprir prazo para nomear representante legal, rede social de Elon Musk pode ser retirada do ar no Brasil, em um contexto de acusações de censura e controvérsias sobre bloqueios de contas em outros países.
Por Redação, com CartaCapital – de São Francisco
O prazo de 24 horas para que a rede social X nomeasse um representante legal no Brasil expirou na quinta-feira, sem que a empresa cumprisse a ordem judicial. O não cumprimento pode levar à suspensão da plataforma em todo o território nacional. A postura é diferente da adotada pela rede social em outros países.
A atitude é vista como uma retaliação de Elon Musk, dono do X, ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a quem Musk acusou de ser um “ditador” e de promover censura no Brasil.
A crítica de Musk contrasta com as ações de sua plataforma em outros países, onde já foram bloqueadas contas que disseminavam ódio e desinformação, especialmente aquelas ligadas à extrema-direita.
Em Portugal, por exemplo, centenas de perfis foram suspensos ou banidos da rede social de proprietário do bilionário.
Uma das contas suspensas pertence ao neonazista Mário Machado, que publicava vídeos de teor racista contra imigrantes ou afrodescendentes, incitando a animosidade racial.
Outras estão relacionadas com políticos do Chega, partido de André Ventura, nacionalista e conservador, que já foi banido da plataforma por pelo menos nove vezes.
Entre as contas suspensas também está a de Afonso Gonçalves, que se dedicava a compartilhar comentários com ataques a mulheres, homossexuais, imigrantes e pessoas de ascendência africana.
Outra figura ligada ao Chega, Gonçalo Sousa, que foi candidato à vice-presidência da Câmara da cidade de Oeiras, também foi banido do X.
Sousa é conhecido por fazer “regularmente declarações racistas e preconceituosas contra imigrantes e outras minorias”, espalhando a teoria da conspiração da “grande substituição populacional” e utilizando a desinformação para proceder a uma “limpeza a imagem” do ex-ditador português, António Salazar.
Embora Musk critique a atuação de Moraes no Brasil, ele não lançou acusações semelhantes contra os sistemas judiciais de outros países, onde medidas semelhantes foram tomadas contra perfis extremistas e propagadores de desinformação.
Bloqueio de contas norte-americanas
O Twitter também promoveu o bloqueio de contas norte-americanas, ligadas ao movimento QAnon, por exemplo. O grupo alimenta teorias da conspiração, incluindo a de que Donald Trump combate secretamente uma seita mundial composta por pedófilos satânicos.
Foram ao menos 70 mil contas suspensas permanentemente. O próprio Trump teve a sua conta suspensa, sob a alegação de risco de violência durante a cerimônia de tomada de posse de Joe Biden, em 20 de janeiro.
“Estas contas compartilhavam conteúdos perigosos, associados (ao movimento) QAnon, em grande escala”, sendo “essencialmente consagrados à propagação de teorias da conspiração”, explicou a rede social em comunicado.