Relatório destaca que promessas atuais para reduzir emissões são insuficientes e alerta para aquecimento médio global de 2,5°C até o fim do século. Com cada fração de grau de aquecimento, dezenas de milhões de pessoas mundo afora passam a estar expostas a severas ondas de calor, escassez de alimentos e água e inundações.
Por Redação, com DW - de Paris
As promessas internacionais atuais para reduzir as emissões de gases do efeito estufa são insuficientes para que o planeta se atenha ao limite de aquecimento global estabelecido no Acordo de Paris, aponta um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta quarta-feira. Com base nas metas nacionais de emissões de 193 países, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês) prevê um aumento médio da temperatura global de 2,5°C acima da média pré-industrial até o fim do século. Isso representa 1°C acima do ambicioso limite de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris, além do qual cientistas afirmam que a probabilidade de catástrofes climáticas aumenta significativamente. Com cada fração de grau de aquecimento, dezenas de milhões de pessoas mundo afora passam a estar expostas a severas ondas de calor, escassez de alimentos e água e inundações. O relatório também prevê que, com os compromissos internacionais atuais, as emissões aumentarão 10,6% até 2030 em relação aos níveis de 2010, um pouco menos que os 13,7% estimados no ano passado. Cientistas afirmam, no entanto, que as emissões de gases responsáveis pelo aquecimento do planeta precisariam ser cortadas em 45% em relação a 2010 até o fim desta década. Ainda segundo o relatório, somente 24 de 193 países que concordaram na Conferência do Clima de Glasgow do ano passado em intensificar suas ações climáticas seguiram adiante com planos mais ambiciosos. – Ainda não estamos nem perto da escala e do ritmo de redução das emissões necessários para nos colocar no caminho certo – afirmou o secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell. "Para manter esse objetivo (do aquecimento global de até 1,5°C) vivo, governos nacionais precisam fortalecer seus planos de ação climática agora e implementá-los nos próximos oito anos." Negociado por mais de 190 países em 2015, o Acordo de Paris sobre o clima entrou em vigor em novembro do ano seguinte e aborda mitigação, adaptação e financiamento no âmbito das mudanças climáticas.