O homem está internado e recebe tratamento médico; é o segundo caso de violência contra sem-terra em menos de um mês.
Por Redação, com RBA - de São Paulo
Um militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi atropelado, na quinta-feira próximo ao acampamento Antônio Batista, localizado entre os municípios do Alto do Rodrigues e Baixo Açu, no Rio Grande do Norte.
Segundo o movimento, uma caminhonete Hilux avançou contra o ativista, que estava chegando ao acampamento. O homem, que não teve o nome divulgado, está internado, seu estado de saúde é estável e recebe acompanhamento médico. Ele quebrou a clavícula e teve vários ferimentos no corpo. Um boletim de ocorrência já foi feito para que o crime seja investigado.
Este é o segundo caso, em menos de um mês, que um militante do MST é vítima de atropelamento. No último dia 18, um idoso foi assassinado, em Valinhos-SP, após um motorista de uma caminhonete atropela-lo em alta velocidade, durante uma manifestação em defesa do fornecimento de água.
– Estas práticas de violência contra o MST são frutos do discurso de ódio promovido pelo governo de Bolsonaro e de seus aliados que criminalizam o movimento e nos veem como inimigos do povo, só porque lutamos por melhores condições de vida e de trabalho – afirmou Jailma Lopes, membro da Comissão dos Direitos Humanos do MST-RN.
As famílias do acampamento Antônio Batista solicitarão ao governo Fátima Bezerra (PT) para que agilize o funcionamento do Comitê Estadual de Conflitos Agrários para que possa garantir uma retaguarda de segurança para o movimento. “A gente, que luta por terra para produzir alimentos saudáveis para a população, não pode ser criminalizado e morto. Precisamos deste comitê funcionando para garantir que nossa luta não seja crime e que não sejamos mortos, já que a intimidação contra o MST é recorrente”, finalizou Jailma.
Protesto
Cerca de 600 pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) realizaram manifestação no Paço de Santo André, cidade do Grande ABC paulista, na quinta-feira. O movimento reivindicava a adoção de remissão de IPTU nos projetos habitacionais Pinheirinho e Santo Dias, além de incluir as famílias no cadastramento do Núcleo Adriático de Luta por Moradia, para serem atendidas pelo projeto Habitação de Interesse Social.
Segundo os moradores de Pinheirinho e Santo Dias, o prefeito Paulo Serra (PSDB) quebrou o acordo feito com os moradores. Como as residências foram entregues em março deste ano, as famílias pagariam o IPTU apenas em 2020. “Inicialmente, quando se começou o projeto para a construção das 910 unidades tinham falado que teria o perdão da dívida, mas quando entregaram não cumpriram o acordo”, explica Andréia Barbosa, coordenadora estadual do MTST, em entrevista à repórter Martha Raquel, da TVT.
Os manifestantes marcharam da Praça do Carmo até a prefeitura de Santo André, ambos na região central da cidade, onde uma comissão foi recebida pelo secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Paulo Alves.
Segundo o MTST, as demandas foram atendidas pela gestão municipal. “As famílias, agora, têm a garantia de que serão cadastradas na nova lei aprovada por unanimidade no último mês de junho pela Câmara Municipal de Santo André. A Lei de Habitação de Interesse Social prevê a reserva de 20% das unidades construídas para entidades e movimentos sociais, como o MTST”, disse o movimento, em nota.
Cerca de 230 mil famílias precisam de moradias nas sete cidades do ABC paulista, de acordo com dados do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Em 2016, menos de três mil unidades foram entregues pelo poder público. “Nós temos o cadastro da habitação. Esses guerreiros que estão aqui não estão incluídos no cadastro habitacional. Isso é uma das reivindicações nossas. A segunda reivindicação é que se é se privilegie mais a periferia das cidades do ABC, porquê é lá onde está o trabalhador”, afirmou Anderson Dalécio, coordenador estadual do MTST.
Muitas famílias nem sequer conseguem se cadastrar nos programas de habitação. O motorista David Andrade Rimas, por exemplo, paga aluguel há quase 20 anos e vive diariamente o medo de parar na rua com a sua família. “A gente deixa de pagar uma conta de luz, acumula duas para juntar dinheiro e pagar o aluguel. Deixa até de comprar uma coisa boa para o filho e investir em aluguel”, lamentou.