O produto — conhecido como um Contrato de Aceleração de Transição Setorial (STAC) — foi projetado para reduzir as emissões reais nas cadeias de suprimentos corporativas.
Por Redação, com Bloomberg – de Nova York, NY-EUA
Enquanto compradores e vendedores de créditos de carbono lutam contra os sinais de um mercado em retração, outros aproveitam o momento em meio à escassez de energia. Jim Bunch, ex-diretor administrativo do Goldman Sachs (GS), uniu-se ao escritório de advocacia Linklaters e à organização sem fins lucrativos londrina Scope 3 Climate Capital para ajudar a desenvolver e promover uma alternativa aos papéis. O grupo diz que está em negociações com várias multinacionais de setores que vão de tecnologia a produção de aço, todos grandes consumidores de energia no mundo.
O objetivo é reduzir a dependência do setor privado em relação aos créditos de carbono como forma de cumprir as promessas de net zero. Bunch, que foi cofundador da empresa de consultoria climática Impact Delta, sediada nos Estados Unidos, em 2020, diz que a ideia é focar nas cadeias de suprimentos corporativas, pois elas geralmente representam a maior parte das emissões relatadas.
Contrato
Segundo ele, isso também permite que os investidores institucionais enfrentem os riscos climáticos do portfólio que as táticas convencionais de diversificação não conseguem resolver.
— Os fundos de pensão com passivos de 50 anos não podem diversificar o carbono. Portanto, a mudança climática é uma ameaça existencial para todo o seu passivo no balanço patrimonial — disse Bunch, em uma entrevista à agência norte-americana de notícias Bloomberg.
O produto — conhecido como um Contrato de Aceleração de Transição Setorial (STAC) — foi projetado para reduzir as emissões reais nas cadeias de suprimentos corporativas. Isso contrasta com a compensação dessas emissões por meio do financiamento de projetos ambientais, que é como funcionam os créditos de carbono.
Securitização
Embora um crédito de carbono deva representar uma tonelada de CO2 evitada ou removida da atmosfera, geralmente por meio de projetos ambientais em países em desenvolvimento, um STAC funciona como uma transação direta entre uma empresa e seu fornecedor. As empresas que usam STACs basicamente recompensam seus fornecedores pelos cortes de emissões, por exemplo, colocando o dinheiro orçado para créditos em contas de garantia, a serem liberadas para os fornecedores quando eles atingirem os marcos climáticos.
Alex Shopov, diretor de finanças estruturadas de ESG da Linklaters, diz que ele e sua equipe usaram técnicas de finanças estruturadas e securitização para criar um certificado STAC que os fornecedores também podem levar “ao seu banco e dar como garantia”.
A meta é que os STACs se tornem comuns, integrados às estruturas de relatório e verificação, como o Protocolo de Gases de Efeito Estufa e a iniciativa Metas Baseadas em Ciência, e “talvez até mais importante que isso, o mercado financeiro de transição”, disse Chris Perceval, diretor sênior de engajamento da S&P Global, que faz parte do comitê diretor da joint venture entre a Impact Delta e a Scope 3 Climate Capital.