Desenvolvida por Oxford, a nova vacina R21/Matrix-M contra a malária é considerada altamente eficaz e de baixo custo, podendo atuar na erradicação da doença. Vale lembrar que, na história da humanidade, o único caso de doença erradicada no globo foi o da varíola, considerada extinta nos anos 1980 pela OMS.
Por Redação, com Canaltech - de Londres
Até 2040, a expectativa é erradicar a malária de todo o mundo, especialmente do continente africano. Por ano, o protozoário do gênero Plasmodium infecta cerca de 247 milhões de pessoas e causa a morte de mais de 615 mil indivíduos. Para reverter este cenário, a resposta está na imunização em massa com a vacina R21/Matrix-M.
O novo imunizante contra a malária foi desenvolvido a partir de uma parceria entre a Universidade de Oxford, no Reino Unido, e o Serum Institute of India, com o uso de tecnologia da farmacêutica Novavax. Na última semana, a fórmula foi aprovada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e, em breve, deve ser distribuída em locais com alta incidência da doença transmitida pelo mosquitos Anopheles (mosquito-prego).
Erradicação da malária
– A malária está no topo da lista de doenças que queremos erradicar – afirma Adrian Hill, diretor do Instituto Jenner da Universidade de Oxford, em artigo na plataforma The Conversation. "Não creio que isso vá acontecer em cinco ou 10 anos, mas deve acontecer daqui a 15 anos. Portanto, 2040 seria uma meta razoável", prevê. Inclusive, Hill é um dos responsáveis pela nova vacina R21/Matrix-M.
Vale lembrar que, na história da humanidade, o único caso de doença erradicada no globo foi o da varíola, considerada extinta nos anos 1980 pela OMS. Desde então, outras inúmeras tentativas foram feitas e o mais próximo que se chegou é da erradicação da poliomielite (pólio) em alguns países, como o Brasil. Hoje, há o risco de reintrodução da doença conhecida como paralisia infantil devido à baixa cobertura vacinal.
Vacina R21/Matrix-M
Se é tão difícil erradicar uma doença, por que os pesquisadores estão confiantes com o fim da malária? A aposta defendida pelo cientista Hill envolve um conjunto de fatores, como alta eficácia, segurança, preços baixos e capacidade de produção em alta escala.
Até então, a primeira vacina aprovada pela OMS para imunizar contra a malária, a RTS,S, não atendia a esses critérios, quando se observa os preços competitivos e a produção industrial, segundo o especialista. Só que, agora, o jogo pode mudar com a R21/Matrix-M.
– Observamos uma eficácia de aproximadamente 75% – afirma Hill sobre a taxa de proteção após o primeiro ano da imunização. Além de ser eficaz, ela pode ser considerada altamente efetiva, já que o preço de aplicação por dose é baixo.
Produção em larga escala
– Há cerca de 40 milhões de crianças que nascem, todos os anos, em zonas com malária na África, que se beneficiariam de uma vacina – conta. Considerando as quatro doses necessárias, por ano, seria preciso produzir cerca de 160 milhões de doses para entender apenas esta demanda. Isso é possível, através da parceria com o instituto indiano, afirma o pesquisador.
Por fim, a alta capacidade de produção está em sintonia com o preço baixo. "Estávamos bem cientes de que não poderíamos produzir uma vacina de US$ 100 [cerca de 511 reais]", explica. Dessa forma, chegaram a um imunizante que pode custar US$ 5 por dose (25,5 reais), algo viável para imunização em larga escala.
Proteção contra malária
Para proteger contra a malária, a vacina R21/Matrix-M atua no combate aos chamados esporozoítos, que é a forma do protozoário que o mosquito inocula na pele da pessoa picada. Ali, "estamos tentando capturá-lo antes que chegue ao fígado e continue seu ciclo de vida", onde se torna potencialmente fatal, explica Hill.
Neste primeiro momento da infecção, não há sintomas da malária. "É uma infecção silenciosa até chegar ao sangue e começar a se multiplicar dentro dos glóbulos vermelhos. Portanto, o esporozoíta é um alvo natural para tentar matar o parasita antes que ele se multiplique muito rapidamente", completa.