A mensagem para o próximo Dia Mundial da Paz, divulgada nesta quinta-feira, também faz um alerta sobre o crescimento dramático dos gastos militares no mundo.
Por Redação, com ANSA – de Roma
Em um contundente apelo, o papa Leão XIV renovou seu chamado por um mundo sem armas, violência e guerra, denunciando a “irracionalidade” da dissuasão militar e nuclear, que baseia as relações entre povos no “medo e no domínio da força”, e os “interesses econômicos privados” que impulsionam a corrida armamentista.

A mensagem para o próximo Dia Mundial da Paz, divulgada nesta quinta-feira, também faz um alerta sobre o crescimento dramático dos gastos militares no mundo e uma crítica feroz à “lógica de contraposição” que domina a globalização.
O pontífice atacou diretamente os “os repetidos apelos para aumentar as despesas militares”, justificados por muitos líderes políticos pela “percepção de que se vive continuamente sob ameaça”.
– Na relação entre cidadãos e governantes, chega-se a considerar uma culpa o não estar suficientemente preparado para a guerra, para reagir aos ataques e para responder à violência. No plano político, essa lógica de oposição é o dado mais atual numa desestabilização planetária que a cada dia se torna mais dramática e imprevisível – disse.
Para Robert Prevost, “a força dissuasiva do poder e, em particular, a dissuasão nuclear, encarnam a irracionalidade de uma relação entre os povos baseada não no direito, na justiça e na confiança, mas no medo e no domínio da força”.
O papa apresentou números para reforçar sua argumentação: “Ao longo de 2024, as despesas militares em nível mundial aumentaram 9,4% em relação ao ano anterior, confirmando a tendência ininterrupta dos últimos 10 anos e atingindo o valor de US$ 2,72 trilhões, ou seja, 2,5% do PIB mundial”.
Conflitos armados
Na mensagem, Leão XIV ainda fez um chamado à reflexão sobre o impacto da tecnologia nos conflitos armados, principalmente a respeito da aplicação da inteligência artificial no âmbito militar. “Está-se a delinear até mesmo um processo de desresponsabilização dos líderes políticos e militares devido ao crescente ‘delegar’ às máquinas as decisões relativas à vida e à morte das pessoas”, alertou.
O pontífice norte-americano também denunciou as “enormes concentrações de interesses econômicos e financeiros privados” que “empurram” os países para a corrida armamentista, além de dizer que a fé não pode ser “arrastada para o embate político, para abençoar o nacionalismo ou justificar a violência e a luta armada”.
– Os fiéis devem refutar ativamente, antes de tudo com a sua vida, estas formas de blasfêmia que obscurecem o Santo Nome de Deus – acrescentou.
O papa ainda enfatizou a necessidade de fortalecer as instituições supranacionais, que atualmente são contrariadas por “violações cada vez mais frequentes de acordos alcançados com grande esforço”.
– É necessário motivar e apoiar todas as iniciativas espirituais, culturais e políticas que mantenham viva a esperança, combatendo a difusão de atitudes fatalistas a respeito da globalização, como se as dinâmicas em ato fossem produzidas por forças impessoais anônimas e por estruturas independentes da vontade humana – destacou.
O Dia Mundial da Paz foi criado pelo papa Paulo VI em 1967 e é celebrado pela Igreja Católica anualmente, sempre em 1º de janeiro.