A atual edição do levantamento ‘O que pensa o mercado financeiro’ foi realizada entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro, logo após o pacote de corte de gastos ser anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em pronunciamento em rede nacional.
Por Redação – de São Paulo
A frustração dos principais operadores do mercado financeiro nacional, após o anúncio do pacote de corte de gastos na última semana, com medidas apontadas por economistas como insuficientes para o cumprimento das regras fiscais, elevou a reprovação ao governo Lula ao patamar inédito de 90%. O dado encontra-se na mais nova edição de pesquisa realizada pela plataforma de investimentos Genial e pela empresa de inteligência de dados Quaest.
A atual edição do levantamento ‘O que pensa o mercado financeiro’ foi realizada entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro, logo após o pacote de corte de gastos ser anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em pronunciamento em rede nacional, no dia 27. Foram feitas 105 entrevistas com gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão de fundos de investimento com sede em São Paulo e no Rio.
Na pesquisa anterior, realizada em março deste ano, a reprovação ao governo estava em 64%. Em julho de 2023, a gestão Lula registrou sua melhor marca na percepção do mercado. À época, 20% avaliavam a administração petista como positiva –ainda assim, a reprovação ficou em 44%; cerca de 36% dos entrevistados viam o governo como regular. Desde então, a rejeição vem crescendo.
Negativo
Lula, hoje, volta ao patamar mais alto da rejeição em seu terceiro mandato. Em março de 2023, logo depois de o presidente tomar posse, 90% dos entrevistados avaliavam o governo como negativo, mesmo número observado na última pesquisa. Ainda de acordo com a Quaest, atualmente 7% do mercado financeiro avaliam a gestão Lula como regular, e 3% como positiva.
Dentre as medidas anunciadas por Haddad no pacote de contenção de gastos, estão a restrição do pagamento do abono salarial a trabalhadores que ganham até 1,5 salário mínimo, mudanças em regras para Previdência de militares e a proibição de benefícios fiscais em caso de déficit primário.
Além do pacote fiscal, Haddad também anunciou a ampliação da faixa de isenção do IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5.000, movimento visto com maus olhos pelo mercado por ir na direção contrária à redução de despesas.
Pente-fino
Para compensar a medida, o governo também vai propor uma alíquota mínima de até 10% no IR (Imposto de Renda) para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, o equivalente a R$ 600 mil por ano. A maior parte dos entrevistados diz ser muito provável que o Congresso aprove a ampliação da faixa isenta de IR.
Para 88% dos entrevistados pela Quaest, as medidas de pente-fino sugeridas pela Fazenda no pacote são favoráveis ao cumprimento da regra de gasto do arcabouço fiscal. Apesar disso, 58% dizem que o pacote é nada satisfatório.
Os operadores do mercado apontaram, ainda, o fim da morte fictícia (quando os militares são expulsos e mesmo assim a família recebe recursos) e o fim da transferência de pensão militar como as medidas que mais irão ajudar a economia brasileira. Na outra ponta, 85% veem a ampliação da isenção do IR como prejudicial à economia.