Segundo o presidente, mais de mil empresas espanholas estão no Brasil e cerca de 15 milhões de espanhóis ou descendentes de espanhóis vivem no país. O chefe de Estado brasileiro afirmou que seu governo não vai mais privatizar empresas, mas quer “construir parceria com empresários de outros países para fazer coisas novas”.
Por Redação, com agências internacionais - de Madri
Depois do discurso na Assembleia Portuguesa, quando foi aplaudido de pé, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva valeu-se do bom humor para discursar em sua visita à Espanha nesta quarta-feira, depois de se reunir com o presidente de Governo, Pedro Sánchez, no Palácio de Moncloa, em Madri. A viagem à Península Ibérica é a primeira que Lula faz à Europa no terceiro mandato.
— Você sabe que eu aprendi que palmas e vaias alguém tem que puxar, alguém tem que ser o primeiro. Porque as pessoas ficam com vergonha de bater palmas, e as pessoas ficam com vergonha de vaiar. É só alguém começar que todo mundo consegue aplaudir. Então vocês, por favor, batam palmas — pediu, dirigindo-se a Sánchez. E foi atendido.
Gratidão
Foi encaminhada, ainda, uma carta de intenções entre os ministérios de Ciência, Tecnologia e Inovação de ambos os países, para cooperação em saúde, meio ambiente e transição energética, entre outros.
— Nós conversamos sobre a retomada do diálogo e da cooperação. O Brasil tem uma dívida de gratidão com a Espanha, segundo país que mais investe no Brasil — disse Lula.
Segundo o presidente, mais de mil empresas espanholas estão no Brasil e cerca de 15 milhões de espanhóis ou descendentes de espanhóis vivem no país. O chefe de Estado brasileiro afirmou que seu governo não vai mais privatizar empresas, mas quer “construir parceria com empresários de outros países para fazer coisas novas”.
Prosperidade
O líder espanhol afirmou, no Twitter, que os dois países abriram “nova etapa nas relações estratégicas”.
“Temos muito que levar para a prosperidade e bem-estar de nossos cidadãos, para a aproximação de nossas regiões e para a construção de um mundo mais seguro e sustentável”, escreveu.
Pedro Sánchez também postou uma mensagem contra o negacionismo “suicida”.
“Espanha e Brasil compartilham a defesa do meio ambiente contra a negação cega e suicida. Apostamos na ciência, contra os anti-vacinas. Pelo valor da civilização, contra a barbárie. Pela democracia e pelo estado de direito. obrigado, @LulaOficial”.
Ucrânia
Em tom pacificador, Lula falou ainda sobre a guerra na Ucrânia.
— Não cabe a mim decidir de quem é a Crimeia. Quando se sentar em uma mesa de negociação, pode-se discutir qualquer coisa, até a Crimeia. Mas quem tem que discutir isso são os russos e ucranianos — afirmou.
Na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), nem os países da Europa ocidental, nem os Estados Unidos, e nem a própria Ucrânia, pelo menos nos discursos, admitem que a Crimeia seja incorporada definitivamente pelos russos. A península foi ocupada por Moscou em 2014, após um golpe pró-ocidente que derrubou o então presidente ucraniano Viktor Yanukovych, aliado do russo Vladimir Putin.
A mídia pró-ocidente diz que “a reconquista da região é inegociável para o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky”. Ao mesmo tempo, é menos enfática para lembrar que Putin não admite tal hipótese.
— Acho que ninguém está falando em paz no mundo. Não tem ninguém, a não ser eu que estou gritando paz, como se estivesse isolado no deserto. Já falei em paz com o Biden, com o Olaf Scholz, com o Macron, fui conversar com Xi Jinping, falei com o presidente Pedro, com o presidente e o primeiro-ministro de Portugal — acrescentou.