Lula voltou a afirmar que há uma especulação dos operadores financeiros a favor do dólar e contra o real e que o governo tem que “fazer algo sobre isso”.
Por Redação – de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira, que o Banco Central é uma instituição de Estado e não pode estar a serviço do sistema financeiro. Ele também voltou a dizer que o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, tem viés ideológico, ao mesmo tempo em que promove um ataque especulativo à moeda nacional.
— A gente precisa manter o Banco Central funcionando de forma correta, com autonomia, para que seu presidente não fique vulnerável às pressões políticas. Se você é democrata, permite que isso aconteça. Quando é autoritário você resolve fazer com que o mercado se apodere da instituição. O Banco Central é uma instituição do estado, não pode estar a serviço do sistema financeiro, do mercado— afirmou Lula, em entrevista uma rádio baiana.
Lula voltou a afirmar que há uma especulação dos operadores financeiros a favor do dólar e contra o real e que o governo tem que “fazer algo sobre isso”.
— Óbvio que me preocupa essa subida do dólar, é uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real nesse país. Na quarta-feira vou ter uma reunião, porque não é normal o que está acontecendo — afirmou o presidente.
Ajuste fiscal
Questionado sobre que medidas o governo faria nesse caso, ele evitou detalhar com a justificativa de que estaria “alertando” os seus adversários. O presidente também repetiu ataques a Campos Neto, que chegou à presidência do BC indicado por seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
— Não dá para ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político, definitivamente eu acho que ele tem viés político. Eu não posso fazer nada, tenho que esperar ele terminar o mandato — acrescentou Lula.
O presidente tem repetido suas críticas ao BC e ao presidente da entidade em suas viagens pelo país. Desde que questionou, na semana passa, a necessidade de cortar gastos, o dólar engatou uma sequência de alta, e fechou na segunda-feira a R$ 5,65, no maior patamar desde janeiro de 2022.
Nesta manhã, o presidente disse que não cortará benefícios direcionados aos mais pobres para fazer ajuste fiscal, mas abriu a porta para corte de gastos.
— Falei com o Haddad que se alguém tiver gastando alguma coisa que não seja necessário, a gente para. Porque não vou jogar dinheiro fora — advertiu.
O discurso do presidente, que pode sugerir algum tipo de intervencionismo na autoridade monetária, tem desagradado aos investidores, que ainda têm de lidar com incertezas externas como a taxa de juros dos Estados Unidos.