Embora Lula já tenha adotado providências no curto prazo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, argumenta que será preciso enfrentar os gastos estruturais que podem comprometer as contas no futuro, destacando que a dívida pública só faz crescer, o que não pode ser ignorado.
Por Redação, com ABr – de Brasília
Ministro da Fazenda, o economista Fernando Haddad revelou nesta terça-feira que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enfrentará o desafio dos gastos públicos, ao destacar a necessidade de ajustes para garantir a sustentabilidade fiscal do país. Segundo Haddad, com o Congresso em ritmo mais lento devido às eleições municipais, ele tem tido mais tempo para discutir com Lula a dinâmica das despesas governamentais e seu impacto crescente na dívida pública.
Haddad, em uma entrevista à jornalista Mônica Bergamo, do diário conservador paulistano Folha de S.Paulo, nesta manhã, frisou ser imperativo “endereçar essa questão” para que se perceba que as medidas econômicas tomadas pelo governo funcionarão a longo prazo. Embora Lula já tenha adotado providências no curto prazo, o ministro argumenta que será preciso enfrentar os gastos estruturais que podem comprometer as contas no futuro, destacando que a dívida pública só faz crescer, o que não pode ser ignorado.
O ministro de maior peso na equipe de Lula ressaltou, ainda, que o presidente está ciente da situação e atento às possíveis soluções. Haddad acredita que o ajuste fiscal poderá ocorrer sem que o Brasil siga o exemplo da Argentina, onde um ajuste rigoroso provocou uma disparada na taxa de pobreza.
Crescimento
Ao abordar a questão do aumento da dívida pública, Haddad lembrou que, desde que assumiu, as receitas do governo cresceram, mas os gastos estruturais também aumentaram. Segundo ele, a deterioração fiscal começou em 2015 e piorou até 2023, quando assumiu um orçamento com receita prevista em apenas 17% do PIB, o pior da série histórica, enquanto as despesas eram de 19,5%.
Haddad destacou que o governo estabeleceu um teto para o crescimento das despesas, que não pode exceder 70% da receita, com um limite de 2,5%. Essa medida, segundo o ministro, ajudou a reduzir o déficit para cerca de 1% do PIB, excetuando-se despesas extraordinárias com queimadas e enchentes no Rio Grande do Sul.
Entretanto, o ministro alertou que o maior desafio é convencer a opinião pública e o Congresso a aprovar medidas de ajuste.
— Cortar é fácil, qualquer economista pode apresentar uma planilha — resumiu Haddad, enfatizando que é preciso construir politicamente tais decisões.