O comunicado revela, ainda, que a decisão de suspender a operação partiu do então diretor interino da Abin, em 27 de março de 2023, antes da posse de Luiz Fernando Corrêa no comando da agência.
Por Redação – de Brasília
Em nota do Itamaraty, divulgada nesta segunda-feira, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou qualquer envolvimento em uma suposta ação de espionagem contra autoridades do Paraguai. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a operação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) apontada em reportagem do jornalista Aguirre Talento, publicada no portal UOL, teve início ainda durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), em junho de 2022, e foi anulada pela atual gestão em março de 2023, logo após a revelação de sua existência.

O comunicado revela, ainda, que a decisão de suspender a operação partiu do então diretor interino da Abin, em 27 de março de 2023, antes da posse de Luiz Fernando Corrêa no comando da agência. Corrêa, delegado aposentado da Polícia Federal (PF), assumiu o cargo oficialmente apenas dois meses depois, em 29 de maio, após aprovação de seu nome pelo Senado.
Leia, adiante, a nota da chancelaria brasileira:
“O governo do Presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência, noticiada hoje, contra o Paraguai, país membro do Mercosul com o qual o Brasil mantém relações históricas e uma estreita parceria. A citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da ABIN em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato.
“O atual diretor-geral da ABIN encontrava-se, naquele momento, em processo de aprovação de seu nome no Senado Federal, e somente assumiu o cargo em 29 de maio de 2023.
“O governo do Presidente Lula reitera seu compromisso com o respeito e o diálogo transparente como elementos fundamentais nas relações diplomáticas com o Paraguai e com todos seus parceiros na região e no mundo.
Ferramenta
“A suposta “ação hacker” – Segundo a reportagem do UOL, com base em depoimentos prestados à Polícia Federal, a Abin teria realizado uma ação hacker contra órgãos do governo paraguaio, como parte de um esforço para coletar dados relacionados à renegociação das tarifas de energia da usina de Itaipu. De acordo com a publicação, a ofensiva foi executada com uso do software Cobalt Strike, ferramenta comumente empregada em ações de intrusão digital.
“A operação teria resultado na invasão de computadores pertencentes ao Congresso Nacional paraguaio, à Presidência da República e a outros setores estratégicos.
“A reportagem sustenta que a operação teria recebido aval não apenas de diretores da Abin no governo Bolsonaro, mas também do atual diretor, Luiz Fernando Corrêa, o que o Itamaraty nega. O governo Lula afirma que a atual gestão da Abin jamais ordenou ou executou qualquer ato de espionagem contra o Paraguai”.