Imprensa iraniana, por sua vez, aponta que explosões foram registradas na cidade de Isfahan, que abriga centrais nucleares, mas não há registro de danos. Episódio ocorre dias após ataque do Irã a Israel.
Por Redação, com DW - de Jerusalém/Teerã
Israel lançou um ataque contra o Irã na noite de quinta-feira, segundo relatos da imprensa dos EUA, mas a escala da ação ainda é incerta. Segundo membros do governo dos Estados Unidos, citados pela mídia norte-americana, os israelenses lançaram pelo menos um míssil contra o Irã, mas autoridades iranianas evitaram por enquanto falar em um ataque externo.
Veículos da imprensa iraniana, por outro lado, apontaram que foram registradas explosões em Isfahan, uma cidade na região central do país, que abriga bases militares e centrais nucleares.
Segundo a imprensa iraniana, defesas aéreas do país também teriam derrubado pelo menos três drones e até o momento não foram registrados danos significativos no país. Em várias cidades do país, como Teerã, o cotidiano seguia normalmente nesta sexta-feira, sem sinal de um ataque em larga escala.
A emissora estatal IRIB, minimizou os relatos, apontando que Isfahan está "segura e a salvo". Outra agência iraniana confirmou medidas de defesa tomadas na base se Isfahan, que abriga caças americanos F-14 adquiridos antes da Revolução Islâmica de 1979.
Já a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse que não observou até o momento danos às instalações nucleares do Irã, confirmando os relatos iranianos.
Imagens divulagas pela mídia iraniana também mostraram canhões antiaéreos de prontidão próximo a uma usina de conversão de urânio em Isfahan, onde se localizam três pequenos reatores de fabricação chinesa. O local é utilizado para a produção de combustível para o programa nuclear civil iraniano. A cidade também abriga um local subterrâneo de enriquecimento de urânio que teria sido alvo de tentativas de sabotagem por parte de Israel.
O governo israelense ainda não confirmou oficialmente a ação. Um membro da administração do premiê Benjamin Netanyahu, falando em anonimato, disse ao jornal norte-americano Washington Post que a ação tem o objetivo de mostrar os iranianos que os israelenses têm capacidade de lançar um ataque no interior do Irã. O jornal The New York Times também afirmou ter ouvido duas autoridades israelenses que confirmaram o ataque.
Autoridades dos EUA, de forma anônima, disseram à agência inglesa de notícias Reuters que o país não está envolvido no ataque, mas que foi notificado por Israel sobre a ação.
Um alto funcionário iraniano disse à agência Reuters nesta sexta-feira, após o ataque israelense, que não há no momento nenhum plano de retaliação imediata e minimizou os relatos do ataque. "A origem estrangeira do incidente não foi confirmada. Não recebemos nenhum ataque externo, e a discussão parece mais uma infiltração do que um ataque", disse a autoridade iraniana.
A ação marca uma nova escalada nas tensões entre os dois países e ocorre seis dias depois de o Irã lançar um ataque sem precedentes contra Israel. No último sábado, o regime de Teerã lançou cerca de 300 aéreas contra o solo israelense, entre drones e mísseis. Israel afirmou que conseguiu derrubar 99% das armas com seus sistemas antiaéreos e auxílio de aliados na região. Não foram registrados danos significativos e o Irã sinalizou antes mesmos de os drones alcançarem seus alvos que a ação seria limitada.
O Irã, por sua vez, afirmou que o ataque de sábado foi uma reposta a um bombardeio a um complexo diplomático do país em Damasco, no início do mês, que o regime atribuiu a Israel.
Líderes internacionais pedem cautela
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que é imprescindível "fazer todo o possível para que as duas partes evitem agravar as tensões na região". "É absolutamente necessário que a região permaneça estável e que os dois lados se abstenham de futuras ações".
Antonio Tajani, ministro do Exterior da Itália, pediu cautela aos dois lados e disse que iria discutir a questão junto a seus homólogos na cúpula dos países do G7, que está sendo realizada na cidade italiana de Capri. "Monitoramos de perto a situação", afirmou a ministra canadense Melanie Joly, também presente no encontro.
O governo do Omã, país que mediou durante muitos anos as tensões entre o Irã e o Ocidente, condenou os "ataques israelenses" e criticou as "repetidas agressões israelenses na região".
O Egito, que ao lado do Catar intermedia as negociações de paz entre Israel e o grupo extremista Hamas em meio à guerra na Faixa de Gaza, expressou preocupação com um possível agravamento nas hostilidades entre Teerã e Tel Aviv e alertou contra uma possível expansão do conflito na região.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse esperar que prevaleça a calma no Oriente Médio. "Um agravamento significativo não é do interesse de ninguém", declarou.
O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, pediu que os países do Oriente Médio trabalhem para assegurar que não ocorram novos agravamentos na região, mas evitou aprofundar seus comentários sobre o caso.
"Não sei e não quero dizer mais sobre isso do que algo que, para nós, é um princípio claro que deve valer para todos: cada um deve assegurar agora e no futuro próximo que não haja uma nova escalada na guerra." Ele disse que Berlim conversará com "amigos e aliados" sobre a questão.