A cristã, mãe de cinco filhos, foi denunciada em 2009 por duas mulheres por supostamente insultar o profeta Maomé.
Por Redação, com EFE - de Islamabad
Grupos islamitas protestaram e fecharam estradas, nesta quinta-feira, no Paquistão pelo segundo dia consecutivo, contra a absolvição da cristã Asia Bibi pela Suprema Corte, que anulou sua condenação à morte e ordenou sua libertação. Em cidades como Lahore, Carachi e Islamabad, membros do partido radical Tehreek-e-Labbaik Pakistan (TLP) continuaram fechando as estradas, apesar da advertência feita ontem pelo primeiro-ministro, Imran Khan, que não entrem em confronto com o Estado. Cerca de 250 islamitas fecharam uma das principais entradas para a capital, na via que une Islamabad com Rawalpindi, disse à Agência Efe, o porta-voz da polícia da capital, Abdul Rehman. Ele afirmou que os manifestantes, que queimaram pneus, fecharam várias vias da cidade e estradas que unem com outros pontos do país. Em Lahore, aproximadamente 600 pessoas permanecem em frente à assembleia provincial de Punjab, após passarem a noite no local, e em outros 15 pontos da cidade, grupos menores seguem protestando, explicou à Efe o porta-voz da polícia, Shafique Hussain. O policial disse que não ocorreram confrontos com as forças de segurança e que os manifestantes não estão causando danos. Em Punjab, que abriga metade dos 207 milhões de paquistaneses, os colégios e universidades estão fechados hoje, da mesma forma que as escolas particulares nas províncias de Sindh e Khyber Pakhtunkhwa. Os protestos começaram na quarta-feira quase imediatamente após a decisão da Suprema Corte. Líderes do TLP, partido que inclui na sua agenda a defesa da polêmica lei da blasfêmia, pediram a morte dos três juízes que absolveram Asia. A cristã, mãe de cinco filhos, foi denunciada em 2009 por duas mulheres por supostamente insultar o profeta Maomé. Ela foi condenada à morte por um tribunal em 2010, e quatro anos depois, perdeu uma apelação na Justiça de Lahore. A dura lei contra a blasfêmia paquistanesa foi estabelecida na época colonial britânica para evitar confrontos religiosos, mas na década de 1980 várias reformas promovidas pelo ditador Muhammad Zia-ul-Haq favoreceram o abuso desta norma. Desde então foram registradas cerca de mil acusações por blasfêmia, um crime que no Paquistão pode acarretar até a pena capital, embora nenhum condenado tenha sido executado até agora.