Míriam Leitão foi presa e torturada enquanto estava grávida por agentes do governo durante a ditadura militar no Brasil. Em uma das sessões de tortura, ela foi deixada nua numa sala escura com uma cobra. Miriam foi presa quando tinha 19 anos, em um batalhão do Exército localizado em Vitória.
Por Redação - de Brasília
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ironizou a tortura sofrida pela jornalista Míriam Leitão, colunista do diário conservador carioca O Globo, durante a ditadura militar. Em sua conta do Twitter, na véspera, o parlamentar compartilhou uma coluna dela e escreveu “ainda com pena da cobra”, em referência a uma das sessões de tortura sofrida pela jornalista.
Míriam Leitão foi presa e torturada enquanto estava grávida por agentes do governo durante a ditadura militar no Brasil. Em uma das sessões de tortura, ela foi deixada nua numa sala escura com uma cobra. Miriam foi presa quando tinha 19 anos, em um batalhão do Exército localizado em Vitória.
Na manhã desta segunda-feira, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que seu partido abrirá uma representação no Conselho de Ética da Câmara. “Consultei o partido e faremos representação contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara pelo deboche afrontoso e desumano à tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão. Esse canalha sórdido não ficará impune!”, escreveu.
‘Covarde’
Ainda nesta manhã, em entrevista à rádio carioca CBN, o parlamentar pediu desculpas à jornalista e disse que o Congresso está “constrangido”.
— Quero pedir desculpas à jornalista Miriam Leitão pelo gesto abominável de Eduardo Bolsonaro, que ironizou algo tão bárbaro. A tortura é desumano. Por isso, vamos abrir essa representação, porque esse deputado, cada dia mais, viola o decoro parlamentar. É uma violência que constrange o Parlamento — disse Orlando Silva.
O deboche do deputado se originou após a jornalista compartilhar seu texto no jornal. Junto com o artigo, Míriam escreveu “qual é o erro da terceira via? É tratar Lula e Bolsonaro como iguais. Bolsonaro é inimigo confesso da democracia. Coluna de domingo”.
Nas redes, colegas e políticos se solidarizaram com Miriam. O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) chamou Eduardo Bolsonaro de “canalha”, “covarde” e “imbecil”. “Esse infeliz debocha da dor de uma mulher que sofreu na ditadura, regime instalado por gente da laia do seu pai. O Brasil não merece essa família ordinária”, indignou-se.