A encarregada de negócios do Brasil em Teerã, Maria Cristina Lopes, foi convocada pela chancelaria iraniana para uma conversa sobre declaração intempestiva.
Por Redação, com RBA - de Brasília e São Paulo
O Ministério das Relações Exteriores disse, nesta terça-feira, que a encarregada de negócios do Brasil em Teerã, Maria Cristina Lopes, foi convocada pela chancelaria iraniana para uma conversa após manifestação do governo brasileiro acerca do assassinato do general iraniano Qassem Soleimani, em um ataque de drone norte-americano em Bagdá. Segundo o Itamaraty, a conversa foi reservada e “transcorreu com cordialidade, dentro da usual prática diplomática”. O MRE, sob a gestão do chanceler Ernesto Araújo, acrescentou que não irá comentar o conteúdo da reunião. Analistas de diversos matizes ideológicos consideram um erro diplomático gravíssimo o envolvimento do Brasil na guerra ainda não declarada entre EUA e Irã.Herói nacional
“Informamos que a Encarregada de Negócios do Brasil em Teerã, assim como representantes de países que se manifestaram sobre os acontecimentos em Bagdá, foram convocados pela chancelaria iraniana. A conversa, cujo teor é reservado e não será comentado pelo Itamaraty, transcorreu com cordialidade, dentro da usual prática diplomática”, disse o Itamaraty. A convocação da diplomata brasileira em Teerã ocorreu após o Itamaraty emitir uma nota na sexta-feira sobre a morte de Soleimani, em que manifestou “apoio à luta contra o flagelo do terrorismo”. Em discursos públicos, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não esconde seu apoio ao ato criminoso norte-americano. Soleimani, considerado a segunda autoridade mais importante do Irã, foi morto na sexta-feira em um ataque dos EUA em Bagdá. Visto como “terrorista” pelo governo norte-americano, ele era um herói nacional para a absoluta maioria dos iranianos, mesmo aqueles que não se consideram apoiadores devotos da elite clerical do país.Problemas
O acúmulo de erros de Bolsonaro e seus auxiliares mais próximos, à frente da Presidência da República, leva as próximas eleições a ganhar contornos plebiscitários quanto à permanência, ou não no Palácio do Planalto, de seu atual inquilino.
A pouco mais de nove meses do primeiro turno das eleições municipais – marcadas para 4 de outubro – a previsão é de que a disputa para a escolha de prefeitos e vereadores nas cidades brasileiras “vire uma espécie de plebiscito” quanto à continuidade do governo. A análise é da cientista política e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Rosemary Segurado, que prevê um pleito dividido entre mostrar apoio, ou não, ao atual presidente da República.
— Infelizmente esse momento tão oportuno de discutir melhor os problemas de cada cidade é pouco aproveitado pela política, porque a eleição vira um espécie de plebiscito do governo — afirmou a professora, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, da Rede Brasil Atual (RBA).