O artefato é o principal suspeito de ter atingido o Balticconnector, ramo de 77 km sob o mar Báltico. Sua interrupção, há duas semanas, gerou uma crise diplomática com trocas de acusações mútuas entre os países da aliança militar ocidental (Otan) e a Rússia.
Por Redação, com Reuters - de Helsinki
Acabou o mistério sobre o suposto ataque a um sistema de gasoduto e telecomunicações ligando a Finlândia à Estônia. Em um novo e inesperado capítulo, nesta terça-feira, a polícia do país nórdico afirmou ter retirado do fundo do mar, ao lado da área atingida, uma âncora.
O artefato é o principal suspeito de ter atingido o Balticconnector, ramo de 77 km sob o mar Báltico. Sua interrupção, há duas semanas, gerou uma crise diplomática com trocas de acusações mútuas entre os países da aliança militar ocidental (Otan) e a Rússia.
O motivo foi a sugestão, explicitada pelo presidente da vizinha Estônia, de que Moscou estivesse por trás do incidente. O Báltico é uma fronteira de grande tensão na geopolítica europeia após o início da Guerra da Ucrânia, em 2022, e a Finlândia abandonou sua neutralidade de sete décadas para aderir à Otan neste ano.
Moscou
O Kremlin negou participação no episódio e criticou seus acusadores. Na memória coletiva, está a explosão de 3 dos 4 ramais do muito mais importante sistema de gasodutos Nord Stream, há pouco mais de um ano, obra que os russos atribuem ao Ocidente, enquanto a Otan sugere ação de Moscou.
Agora, depois de ter inclusive aumentado seu alerta de prontidão militar, a Finlândia tirou a Rússia da lista de suspeitos e mais, talvez a ideia de sabotagem acabe sendo descartada em favor de um acidente mesmo. Aí a atenção vai para um cargueiro chinês que passava pela região — um quebra-gelo de propulsão nuclear estava próximo, mas não exatamente sobre o Balticconnector.
Malícia
Segundo a polícia, o navio chinês NewNew Polar Bear é o único sob investigação agora, restando saber se sua âncora se partiu em um acidente ou se houve algum tipo de malícia no incidente, que demonstra claramente os riscos do ambiente repleto de rivalidade instalado na Europa. A âncora tinha um de seus dentes partido.
O governo finlandês diz estar em contato com o chinês para tentar elucidar o caso. De todo modo, a China é a principal parceira da Rússia na Guerra Fria 2.0, o que sempre manterá acesa a chama de teorias conspiratórias — que foi alimentada pela vizinha de Báltico Suécia na segunda, quando o país informou que um cabo de dados que o ligava à Estônia também foi cortado, talvez no mesmo incidente.