Rio de Janeiro, 06 de Maio de 2025

Imprensa internacional repercute indiciamento de Bolsonaro

Britânico ‘The Guardian’ classifica Bolsonaro como ‘capitão desonrado’, enquanto argentino ‘La Nación’ diz que ‘o relógio começa a correr’ para o ex-presidente.

Sexta, 22 de Novembro de 2024 às 11:30, por: CdB

Britânico ‘The Guardian’ classifica Bolsonaro como ‘capitão desonrado’, enquanto argentino ‘La Nación’ diz que ‘o relógio começa a correr’ para o ex-presidente.

Por Redação, com CartaCapital – de Brasília

O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado repercutiu além do Brasil. Logo que a Polícia Federal (PF) divulgou a lista de indiciados, na tarde de quinta-feira, as manchetes internacionais foram dominadas pelo caso.

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Jair Bolsonaro, inelegível e indiciado pela PF

De um modo geral, as publicações destacaram o agravamento dos problemas legais de Bolsonaro, chamando a atenção para o fato de que o caso distancia Bolsonaro do centro do poder da direita brasileira.

O norte-americano The New York Times, por exemplo, chama a atenção para o fato de que as acusações “agravam significativamente os problemas legais” do ex-presidente. “As autoridades afirmaram que Bolsonaro, junto com dezenas de assessores próximos, ministros e líderes militares, participou de um plano para reverter os resultados das eleições”, destaca reportagem do NYT.

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Na França, o Le Monde apresentou aos leitores um resumo do relatório da PF, mostrando a extensão da lista de indiciados. Ao tratar da reação de Bolsonaro ao indiciamento, o jornal citou que “Bolsonaro acusou o juiz responsável pela investigação de agir ‘fora da lei’. O juiz Alexandre de Moraes ‘faz tudo o que a lei não diz’, escreveu o ex-presidente no X (anteriormente Twitter). O relatório deve ser encaminhado ao Supremo”, diz.

Outro jornal dos EUA que deu destaque ao caso foi o Washington Post, que mencionou que Bolsonaro “negou todas as alegações de que tentou permanecer no cargo após sua derrota eleitoral em 2022 para seu rival”. A publicação ainda cita os outros dois casos em que Bolsonaro foi indiciado pela PF. “Outras investigações focam em seus papéis potenciais no contrabando de joias de diamante para o Brasil sem declará-las adequadamente, e em direcionar um subordinado para falsificar seu status de vacinação contra a covid-19 e de outros. Bolsonaro negou qualquer envolvimento em ambos”, diz o jornal.

O espanhol El País

Voltando à Europa, o espanhol El País conectou o indiciamento de Bolsonaro com a condenação sofrida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o torna inelegível até 2030. O ex-presidente “foi condenado por abuso de poder, por aproveitar o cargo presidencial para questionar sistematicamente a segurança do sistema de votação”.

O britânico The Guardian publicou uma reportagem em que detalha o quadro político brasileiro atual, chamando a atenção para o fato de que, embora Lula esteja no poder, “a ameaça da extrema-direita à sua administração permanece”. “Na noite da última quarta-feira, um membro do partido político de Bolsonaro foi morto após aparentemente se explodir com explosivos caseiros enquanto atacava o Supremo Tribunal Federal”. A publicação define Bolsonaro como “um capitão do Exército desonrado que se tornou político populista”.

Duas redes de destaque do continente europeu, a alemã Deutsche Welle (DW) e a britânica BBC, também destacaram o indiciamento. Segundo à DW, “provas baseadas em mandados de busca, escutas telefônicas, registros financeiros e depoimentos de delação premiada mostram que os conspiradores dividiram os seus esforços entre espalhar desinformação, incitar o Exército a aderir ao golpe e apoio operacional ao mesmo”.

A BBC, por sua vez, chamou o indiciamento de “um novo golpe para os apoiadores de extrema-direita de Bolsonaro, que esperavam reverter a proibição que o impedia de assumir o cargo a tempo dele concorrer à Presidência em 2026″.

Já no Oriente Médio, a rede de televisão Al Jazeera citou o envolvimento de Bolsonaro em uma “conspiração golpista”. “Uma semana após a posse do presidente Lula, em janeiro de 2023, os apoiadores de Bolsonaro revoltaram-se na capital Brasília. Alguns manifestantes na altura disseram que queriam criar as condições para um golpe militar, e há muito que há dúvidas sobre o envolvimento de Bolsonaro na instigação dos motins”, mencionou.

Na Argentina, os jornais La Nación e Clarín, de maior circulação no país, também dedicaram páginas ao caso. No primeiro caso, o jornal apontou que “o relógio começa a correr para Bolsonaro na investigação mais delicada contra ele”. Já o Clarín menciona os “supostos complôs subversivos desenvolvidos por Bolsonaro”.

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