Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Imagens por IA do Google fazem parte da cultura ‘woke’, diz jornal

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Sexta, 23 de Fevereiro de 2024 às 12:28, por: CdB

De acordo com o jornal, a reportagem instruiu a ferramenta a “criar uma imagem de um papa”. Recebeu a imagem de uma mulher e de um homem negro em vez de uma foto ou representação de um dos 266 pontífices ao longo da história, todos brancos.


Por Redação, com Poder360 - de Washington


O Google anunciou na quinta-feira a suspensão da criação de imagens por inteligência artificial por meio da ferramenta Gemini. Na quarta, o jornal New York Post criticou a plataforma da big tech por criar, segundo o veículo de mídia norte-americano, “imagens factuais ou historicamente imprecisas”.




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O Google anunciou a suspensão da criação de imagens por inteligência artificial por meio da ferramenta Gemini

De acordo com o jornal, a reportagem instruiu a ferramenta a “criar uma imagem de um papa”. Recebeu a imagem de uma mulher e de um homem negro em vez de uma foto ou representação de um dos 266 pontífices ao longo da história, todos brancos.


Em outra consulta, foi pedido à ferramenta que criasse uma imagem dos “Founding Fathers“, termo usado nos Estados Unidos para designar os líderes políticos que participaram da confecção e assinatura dos textos da declaração de independência do país, em 1776, ou da Constituição norte-americana, em 1787.


O Gemini respondeu com a imagem de homens brancos e um negro.


Em outra resposta, mostrou a imagem de um homem negro de peruca branca e uniforme militar, que poderia ser interpretado como uma representação de George Washington (1732-1799), um dos “pais fundadores” e primeiro presidente dos EUA. Ele era branco. Foi essa que o New York Post usou em sua capa da versão impressa de quinta-feira.


O New York Post também perguntou ao próprio Gemini o motivo de a ferramenta ter produzido tais imagens. A plataforma disse, segundo o jornal, que “pretendia fornecer uma representação mais precisa e inclusiva do contexto histórico” do período.


Em seu perfil do X, o proprietário da rede social, Elon Musk, compartilhou o post do jornal e criticou o que chamou de cultura woke. Afirmou que “o vírus da mente ‘woke’ está matando a civilização ocidental”.


– O Google faz a mesma coisa com seus resultados de pesquisa. Facebook e Instagram também. E Wikipédia – disse Musk, que também é CEO da Tesla.



Entenda o que é cultura woke


O significado literal de woke é “acordei”. O uso do termo pela comunidade negra dos EUA remete a estar alerta para a injustiça racial.


Na última década, o termo também ganhou o sentido de “consciência sobre temas sociais e políticos, especialmente racismo”, como define o dicionário Oxford. Pessoas passaram a se autodefinir como woke para se identificar como parte de uma cultura liberal.


Por outro lado, a palavra também passou a ser usada por quem desaprova integrantes dessa cultura e considera seus integrantes “pessoas que falam demais sobre esse temas [sociais], de uma forma que não muda nada”, também segundo o dicionário Oxford.


A desaprovação mira em métodos de coerção usados para desestimular o uso de expressões consideradas homofóbicas, misóginas ou racistas. Um dos pontos criticados é o “cancelamento”, um tipo de boicote a quem faz uso desse tipo de termos.


De um lado, defensores da abordagem woke dizem que esse tipo de protesto não violento dá visibilidade a grupos historicamente oprimidos e corrige comportamentos de setores privilegiados que nunca haviam refletido sobre o assunto. De outro, há a acusação de que sejam “policiais da linguagem”.


Os críticos do woke não estão apenas entre os conservadores. Políticos mais identificados com a esquerda nos Estados Unidos, como o ex-presidente Barack Obama, já se pronunciaram sobre o assunto. Em 29 de outubro de 2019, durante encontro anual da Fundação Obama, o ex-presidente teceu duras críticas ao movimento:


– Eu tenho a impressão que alguns jovens, especialmente nas redes sociais, pensam que a forma de mudar as coisas é julgar outras pessoas o máximo possível. E que isso basta. Se eu posto no Twitter ou coloco uma hashtag sobre como você errou numa palavra ou usou o verbo incorreto, eu posso me sentar e me sentir bem porque ‘cara, viu como eu fui woke’? Eu te chamei a atenção! Isso não é ativismo, não trará mudança – disse Obama.  Vídeos desta fala viralizaram na Internet na época.




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"Bagunçando a história", disse a capa do jornal norte-americano "NY Post"

Alguns embates recentes evidenciam como essa disputa política continua pelo mundo: “Latinx”, o termo é uma palavra cunhada para se referir a membros da comunidade latina nos Estados Unidos de forma neutra, sem masculino nem feminino. Ele é motivo, no entanto, de controvérsia. Alguns argumentam que “latin” e “latino” já são palavras de gênero neutro. A governadora republicana do Arkansas, Sarah Huckabee, baniu em 12 de janeiro o uso do termo em documentos oficiais. Legisladores do partido Democrata (mais identificado com a esquerda) propuseram o mesmo em Connecticut em janeiro de 2023;


Igreja, um cântico tradicional de natal em inglês, “God Rest Ye Merry Gentlemen”, foi modificado para uma versão mais inclusiva à comunidade LGBTQIA+ e virou motivo de disputa em uma igreja na região de Loughborough, no Reino Unido no fim de 2022. A versão modificada trazia os versos “Deus abençoe também vocês, mulheres, que foram apagadas pelos homens durante a história, ignoradas e desprezadas” e “Deus abençoe você, queer (que não se encaixa em definições tradicionais de gênero) e questionador, seu coração ansioso ficará quieto”.


O Poder360 não faz uso da linguagem neutra em seus textos. “A política editorial do jornal digital busca sempre de maneira obsessiva a neutralidade na apuração dos fatos. O uso dessa forma de comunicação está, hoje, ainda fortemente associado a um dos campos políticos. O código de conduta deste jornal digital exige, ao tratar de temas complexos, respeito aos mais diversos pontos de vista”, diz Fernando Rodrigues, diretor de Redação do Poder360.




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