Rio de Janeiro, 18 de Julho de 2025

Ilhas Cagarras ganham ponto de observação de baleias-jubarte

Descubra o Camarote da Baleia nas Ilhas Cagarras, um local ideal para observar a migração das baleias-jubarte, orcas e golfinhos no Rio de Janeiro.

Quarta, 18 de Junho de 2025 às 11:47, por: CdB

As baleias-jubarte passam pelo litoral do Rio de Janeiro durante sua migração anual entre as águas geladas da Antártida, onde se alimentam no verão.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

Todo ano elas fazem tudo sempre igual.  Elas vêm das águas frias da Antártida em busca de mares mais quentes para se reproduzir e cuidar de seus filhotes. Era uma cena tão recorrente em um passado distante, quando a Baía de Guanabara era um santuário natural para esses gigantes marinhos, que você vai encontrar cetáceos de referências literárias ou iconográficas das visitas desses colossos ao nosso litoral. A poluição espantou a maioria delas.

Ilhas Cagarras ganham ponto de observação de baleias-jubarte | ‘Camarote da Baleia’ faz parte de projeto do ICMBio
‘Camarote da Baleia’ faz parte de projeto do ICMBio

Mas é entre os meses de junho a agosto que os cariocas e simpatizantes podem assistir a um espetáculo único na natureza: a viagem das baleias-jubarte até Abrolhos. E algo tão especial precisava de um local privilegiado para sua apreciação. Por isso, vem aí o Camarote da Baleia! Uma brincadeira, convenhamos, sobre um projeto bacanérrimo da equipe do Monumento Natural do Arquipélago das Ilhas Cagarras (Mona Cagarras).

Onde fica o camarote?

O ICMBio está hoje finalizando uma trilha na Ilha Comprida, uma das que integram o Arquipélago das Cagarras, e que oferecerá, além de uma vista privilegiada para o lado par das praias de Ipanema e Leblon, a possibilidade de assistir de mais pertinho a passagem de baleias-jubarte, orcas e golfinhos. A caminhada será sobre o costão rochoso e em pequenas áreas da Mata Atlântica insular. Estão sendo finalizados alguns ajustes, como, por exemplo, no modelo de visitação a ser adotado.  

– A ideia é que seja um modelo autoguiado, onde o visitante possa, por exemplo, contratar um guia na colônia Z13 (Copacabana) ou escolher uma das empresas que já operam o turismo e são credenciadas pelo Mona Cagarras para transportar os visitantes. A partir daí, a pessoa chega até a Ilha Comprida, faz o desembarque e se conecta com toda a sinalização que já estamos instalando – detalhou Breno Herrera, gerente Sudeste do ICMBio.

O que são baleias-jubarte?

As baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) são grandes mamíferos marinhos pertencentes à família dos rorquais, facilmente reconhecíveis por suas longas nadadeiras peitorais, corpo robusto e comportamento acrobático, como os saltos fora d’água e batidas de cauda. Elas podem atingir até 16 metros de comprimento e pesar cerca de 40 toneladas. Elas também são conhecidas por suas vocalizações complexas, que são chamadas pelos cientistas de “canções”.

O que as faz passar pelo Rio?

As baleias-jubarte passam pelo litoral do Rio de Janeiro durante sua migração anual entre as águas geladas da Antártida, onde se alimentam no verão, e as águas quentes da costa brasileira, onde se reproduzem e amamentam seus filhotes durante o inverno e a primavera. Entre os meses de junho e novembro, as jubartes sobem pelo Atlântico Sul em direção ao Banco dos Abrolhos (entre o Espírito Santo e a Bahia), que é a principal área de reprodução da espécie no Atlântico Sul.

O litoral do Rio de Janeiro está na rota dessa migração e funciona como uma espécie de “corredor ecológico”. Por isso, não é raro vê-las nas águas fluminenses durante esse período, muitas vezes próximas à costa, realizando saltos, exibindo nadadeiras e até acompanhadas de filhotes. E como baleia não usa relógio, algumas já começam a dar as caras por aqui em maio.

Elas estão em extinção?

Como as outras grandes baleias, essa espécie foi ameaçada pela caça industrial. Elas foram caçadas até a beira da extinção quando as populações foram reduzidas em 90% antes da moratória de 1986, quando foi proibida a caça comercial de baleias pela Comissão Baleeira Internacional (IWC, na sigla em inglês, não confunda com a marca de relógios de luxo). As estimativas do número de indivíduos variam de 35 mil a 80 mil exemplares.

Atualmente, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) considera o estado de conservação da baleia jubarte como pouco preocupante. Este resultado se deve às grandes e significantes ações conservacionistas em todo o mundo. Mesmo com o fim da caça comercial, as baleias ainda sofrem com várias ameaças: encalhamento em redes de pesca, colisão com embarcações, encalhamento em praias e poluição.

Ilhas Cagarras ganham ponto de observação de baleias-jubarte | ‘Camarote da Baleia’ faz parte de projeto do ICMBio
‘Camarote da Baleia’ faz parte de projeto do ICMBio

Não é só porque todo mundo hoje tem uma câmera no telefone celular. O número de avistamentos tem aumentado nos últimos anos devido à recuperação populacional da espécie (após o fim da caça comercial) e às condições oceanográficas favoráveis no litoral sudeste, que oferecem águas calmas e temperaturas agradáveis. Isso tem favorecido inclusive o turismo de observação de baleias na região. Estudos indicam que o número de jubartes na costa brasileira aumentou de cerca de mil indivíduos em 1988 para aproximadamente 30 mil atualmente.

Outro fator relevante é o monitoramento contínuo e a conscientização pública promovidos por projetos como o Projeto Baleia Jubarte. Essas iniciativas não apenas acompanham a saúde da população de jubartes, mas também educam o público sobre a importância da preservação marinha. Como resultado, o litoral fluminense tem se tornado um destino cada vez mais popular para o ecoturismo, atraindo turistas interessados em observar esses majestosos mamíferos marinhos em seu ambiente natural.

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