Santini era o substituto imediato do ministro-chefe da Casa Civil, Ônix Lorenzoni. Ele foi demitido por usar uma aeronave da FAB como jato particular para ir a Davos, na Suíça, e depois à Índia. Ato seguinte, o executivo foi recontratado para o mesmo ministério, com salário um pouco menor.
Por Redação - de Brasília
O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), conseguiu irritar os militares, justamente o núcleo de poder que o mantém no cargo, ao anunciar que tornou sem efeito a recontratação de Vicente Santini, na Casa Civil. De acordo com o ocupante do Planalto, uma nova edição do Diário Oficial da União foi rodada com a nova exoneração.
Santini era o substituto imediato do ministro-chefe da Casa Civil, Ônix Lorenzoni. Ele foi demitido por usar uma aeronave da FAB como jato particular para ir a Davos, na Suíça, e depois à Índia. Ato seguinte, o executivo foi recontratado para o mesmo ministério, com salário um pouco menor.
Bolsonaro sinalizou que a ideia de recontratar Santini foi do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. O ocupante do Planalto anuncia um “castigo” para o ministro, que perde o PPI, o plano de concessões e privatizações, para o Ministério da Economia.
Demissões
Nos poucos meses em que permaneceu no governo, Santini recebeu R$ 90,9 mil em diárias. O valor refere-se a viagens feitas na comitiva presidencial ou do ministério da Relações Exteriores. Santini fez 15 viagens em 2019, apontaram números do Portal da Transparência.
A falta de uma direção clara do Executivo tem levado a ala militar do governo Bolsonaro, com apoio de ministros de fora do Planalto, a articular a demissão de Lorenzoni e do ministro da Educação, Abraham Weintraub. O desgaste de ambos teria chegado ao limite. Contra Onyx pesa ainda o fato de ter apresentado Weintraub a Bolsonaro.
Na avaliação de seus aliados, Lorenzoni deveria deixar o governo e voltar para a Câmara dos Deputados. O ministro está em férias e retorna a Brasília na próxima segunda-feira. Nos bastidores, o ministro perdeu poder à frente da Casa Civil; além de ser bombardeado por outros colegas de ministério.
Área social
Enquanto goza de suas férias, Lorenzoni perdeu o substituto imediato, Vicente Santini, após o voo particular no avião da FAB, e Fernando Moura, que ficou apenas um dia como interino. Uma saída estudada por aliados do ministro seria transferir Onyx para a área social, retirando-o do Palácio do Planalto, onde despacha diretamente com Bolsonaro.
O chefe da Casa Civil coordenou a transição do governo no final de 2018. Depois, na Casa Civil, acumulava a articulação política e a Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ), mas, no ano passado, Bolsonaro tirou a articulação de Onyx, que passou para a Secretaria de Governo, sob o comando de Luiz Eduardo Ramos.
O ministro também teria a função de coordenar a atuação de todas as pastas da Esplanada dos Ministérios, mas há reclamações nos bastidores. Um sinal de que Bolsonaro não está satisfeito com o trabalho foi ele mesmo ter passado a coordenação do Conselho da Amazônia, anunciado no início deste ano, para o vice-presidente, Hamilton Mourão.
Educação
Quanto ao ministro Weintraub, a crítica mais contundente partiu do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Na opinião do presidente da Câmara, oi ministro da Educação é um "desastre" . Segundo Maia, que participou de uma coletiva de imprensa após um encontro, em São Paulo, Weintraub "brinca com o futuro de milhões de crianças do Brasil”.
— O ministro atrapalha o futuro das novas gerações e compromete a administração da educação no País com um discurso ideológico e ineficiência — acrescentou o deputado.
Ainda segundo Maia, o ministro Weintraub compromete o futuro das novas gerações, “e a cada ano que se perde com ineficiência e com o discurso ideológico de péssima qualidade, prejudica os anos seguintes da nossa sociedade. Mas quem nomeia e quem demite é o presidente”.
Erros em série
Weintraub enfrenta uma nova crise após falhas na verificação das provas do último Enem. Ele chegou a se gabar do "melhor Enem de todos os tempos”, antes de anunciar que milhares de notas foram divulgadas com erros.
Ao menos 5.974 pessoas receberam notas erradas, o que levou o caso para a Justiça. Rodrigo Maia aproveitou a ocasião para tecer críticas ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Segundo o presidente da Câmara, Salles seria um quadro de qualidade que precisa retomar o diálogo com os setores do meio ambiente.