A campanha eleitoral, marcada pela violência e desinformação, foi concentrada em temas migratórios e na crise imobiliária que abala o país.
Por Redação, com CartaCapital – de Amsterdã
A Holanda celebra eleições legislativas antecipadas nesta quarta-feira sem favoritos claros, uma votação em que o partido de extrema-direita de Geert Wilders espera repetir os bons resultados registrados há dois anos.

– Neste momento, é impossível saber quem vencerá as eleições, porque há quatro partidos empatados em primeiro lugar – declarou à agência francesa de notícias Agence France-Presse (AFP) Sarah de Lange, professora de Política na Universidade de Leiden. “Além disso, mais de 50% dos eleitores ainda não decidiram seu voto”.
Embora as últimas pesquisas sugiram uma vitória do Partido pela Liberdade (PVV), de extrema-direita, parece pouco provável que Wilders consiga se tornar primeiro-ministro.
O político provocou a antecipação das eleições quando seu partido abandonou, em junho, a coalizão de governo por divergências com os outros três partidos sobre a política de asilo.
Os partidos tradicionais descartaram a possibilidade de uma nova aliança com Wilders porque consideram que ele não é confiável.
O fragmentado sistema político holandês implica que nenhum partido pode alcançar os 76 assentos necessários para governar sozinho, o que exige consensos e a formação de coalizões.
– O futuro da nossa nação está em jogo – declarou Wilders à AFP. “Como em toda a Europa, as pessoas estão cansadas da imigração em massa, da mudança cultural e da chegada de pessoas que realmente não pertencem culturalmente a este lugar”, afirmou Wilders, conhecido como o “Trump holandês”.
O resultado da eleição na Holanda, a quinta maior economia da União Europeia, será um termômetro do poder da extrema-direita no continente, onde partidos similares lideram as pesquisas na França, Alemanha e Reino Unido.
Negociações
A campanha eleitoral, marcada pela violência e desinformação, foi concentrada em temas migratórios e na crise imobiliária que abala o país.
Como os outros partidos excluíram Wilders, é muito provável que o candidato que ficar em segundo lugar se torne primeiro-ministro.
Um nome forte é o de Frans Timmermans, um experiente ex-vice-presidente da Comissão Europeia que se apresenta como uma aposta segura após meses de caos.
– Este é um dos países mais ricos do planeta e, no entanto, a confiança em si mesmo é muito baixa – declarou Timmermans, que lidera a aliança de esquerda Verde-Trabalhista, em uma entrevista à AFP.
– Temos que recuperar a confiança porque não há nenhum problema que não possamos resolver – afirmou Timmermans, 64 anos, que também já foi ministro das Relações Exteriores.
Genri Bontenbal, líder dos democrata-cristãos do CDA, aposta na estabilidade para vencer as eleições. “Acredito sinceramente que os holandeses não são extremistas em nenhum dos lados”, declarou à AFP.
– A maioria dos holandeses quer políticas moderadas do centro político – acrescentou o político de 42 anos, que não viaja em um avião privado desde 2006 por razões climáticas.
Rob Jetten, de 38 anos, o candidato do partido centrista D66, subiu nas pesquisas graças ao discurso com mensagem positiva e à sua presença constante nos meios de comunicação.
Embora o resultado seja incerto, o que é certo é que as negociações para formar uma coalizão levarão meses. O último governo precisou de 223 dias para sua formação.