Rusesabagina, 67 anos, foi considerado culpado de dar suporte à Frente de Libertação Nacional (FLN), braço armado do Movimento pela Mudança Democrática de Ruanda (MRCD), partido da oposição no exílio.
Por Redação, com ANSA - de Kigali
O ativista Paul Rusesabagina, reconhecido mundialmente por ter salvado cerca de 1,2 mil pessoas durante o genocídio tutsi em Ruanda, foi condenado nesta segunda-feira a 25 anos de prisão por "financiamento de terrorismo". Rusesabagina, 67 anos, foi considerado culpado de dar suporte à Frente de Libertação Nacional (FLN), braço armado do Movimento pela Mudança Democrática de Ruanda (MRCD), partido da oposição no exílio.– Ele fundou uma organização terrorista que atacou Ruanda e ele contribuiu financeiramente para atividades terroristas – disse a juíza Beatrice Mukamurenzi ao fim de um julgamento de sete meses.
Antes do processo, Rusesabagina havia admitido participação na fundação do MRCD, mas negou que o grupo tivesse escopo terrorista. "Meu trabalho dizia respeito à plataforma política, e minha função era diplomática", justificou o ativista em setembro de 2020.
A FLN reivindicou uma série de ataques realizados entre 2018 e 2019, especialmente na fronteira com o Burundi. Já durante o julgamento, Rusesabagina acusou o tribunal de falta de independência, enquanto seus apoiadores denunciam que o processo é uma retaliação do governo de Paul Kagame, de quem o ativista é crítico.
Hotel Ruanda
Durante o genocídio tutsi, no início da década de 1990, o hutu Rusesabagina usou sua influência como diretor de um hotel frequentado por diplomatas na capital Kigali para garantir uma fuga segura para cerca de 1,2 mil pessoas.
A história foi parar no cinema com o filme 'Hotel Ruanda', no qual o ativista é interpretado por Don Cheadle. Rusesabagina, no entanto, saiu de Ruanda em 1996, alegando que não havia espaço para a oposição, e se tornou crítico de Kagame, um dos líderes da guerrilha tutsi que derrotou os genocidas e que é presidente desde 2000.
O genocídio de 1994 deixou entre 800 mil e 1 milhão de mortos em apenas três meses, em um país com pouco mais de 10 milhões de habitantes. Rusesabagina vivia em autoexílio e foi preso em agosto de 2020, após um avião no qual ele havia embarcado para o Burundi ter pousado em Kigali, capital de Ruanda.