Desde que o cessar-fogo entrou em vigor em 19 de janeiro, o Hamas libertou reféns em cerimônias públicas em Gaza, onde combatentes armados e mascarados escoltaram os prisioneiros até os palcos diante de um grande público.
Por Redação, com CartaCapital – de Gaza
O Hamas e Israel anunciaram separadamente, nesta quarta-feira, que trocariam os corpos de quatro reféns israelenses por mais de 600 prisioneiros palestinos na quinta, completando a fase inicial de seu frágil acordo de trégua em Gaza.

– Os mediadores informaram o Hamas que a troca (de reféns por prisioneiros) ocorrerá na quinta-feira – disse uma autoridade do movimento islamista palestino à agência francesa de notícias AFP.
Acrescentou que “o Hamas e outras facções da resistência entregarão os corpos de quatro reféns israelenses e, em troca, Israel libertará mais de 600 detidos palestinos”.
Outro membro do movimento afirmou que a troca ocorreria simultaneamente.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou o acordo de troca para quinta-feira.
Em Israel, milhares de pessoas se reuniram na beira da estrada para acompanhar o cortejo fúnebre da refém israelense de origem argentina Shiri Bibas e seus dois filhos, que morreram em cativeiro em Gaza e se tornaram símbolos da tragédia dos reféns no país.
A trégua encerrou em grande parte a guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada pelos ataques de 7 de outubro de 2023 em território israelense, e até agora levou à libertação de 25 reféns vivos em troca de mais de 1,1 mil prisioneiros palestinos.
Oriente Médio
Em Washington, o enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse que representantes israelenses estavam a caminho para participar das negociações sobre a próxima fase do acordo de trégua.
– Estamos fazendo muito progresso. Israel está enviando uma equipe agora – disse Witkoff em um evento do Comitê Judaico Americano.
Ele disse que “as negociações serão retomadas com os egípcios e os cataris em Doha ou no Cairo”.
Israel ainda não confirmou se enviará uma delegação para discutir a segunda fase do cessar-fogo.
Trégua frágil
O Hamas disse que estava disposto a libertar os reféns restantes “de uma vez” na segunda fase.
No domingo, o grupo acusou Israel de colocar em risco a trégua de Gaza ao adiar a libertação de mais de 600 prisioneiros palestinos.
Israel atrasou a entrega após se opor à forma como os reféns foram libertados, o que Netanyahu chamou de “cerimônias humilhantes”.
O Parlamento israelense realizou um minuto de silêncio nesta quarta-feira em homenagem aos três membros da família Bibas, assim como a outras vítimas do ataque de 7 de outubro contra Israel.
Desde que o cessar-fogo entrou em vigor em 19 de janeiro, o Hamas libertou reféns em cerimônias públicas em Gaza, onde combatentes armados e mascarados escoltaram os prisioneiros até os palcos diante de um grande público.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha pediu a todas as partes que conduzissem as trocas “de maneira digna e privada”.
Ambos os lados se acusam de violar a trégua, mas até agora ela tem se mantido.
Israel prometeu destruir o Hamas depois que os ataques de 7 de outubro, os mais mortais em seu território, desencadearam a guerra em Gaza, com mais de 1,2 mil mortos, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em números oficiais.
A resposta israelense em Gaza custou a vida de mais de 48 mil pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas. A ONU considera esses dados confiáveis.