No início do painel, Haddad afirmou que, atualmente, o governo brasileiro tem uma “base suficiente” para enfrentar os desafios de começar a gestão com os ataques golpistas à democracia. Segundo ele, a resposta à tentativa de golpe foi institucionalmente bem sucedida.
Por Redação, com agências internacionais - de Davos, Suíça
Os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente) participaram, na manhã desta terça-feira, do painel sobre o Brasil no Fórum Econômico Mundial, representando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ambos foram questionados, de modo geral, sobre os desafios da fase que se inicia no país, do ponto de vista da luta contra o extremismo bolsonarista, propostas econômicas e política ambiental.
No início do painel, Haddad afirmou que, atualmente, o governo brasileiro tem uma “base suficiente” para enfrentar os desafios de começar a gestão com os ataques golpistas à democracia. Segundo ele, a resposta à tentativa de golpe foi institucionalmente bem sucedida, com a união de 27 governadores e os Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), que “juntos tomaram medidas cabíveis para pôr ordem na bagunça”.
Marina concordou que “não é confortável ter uma oposição de extremistas”.
— Esse fenômeno não é só do Brasil, mas ocorre no mundo, também aconteceu no Capitólio, e as democracias trabalham para enfrentar essas situações desestabilizadoras, inclusive para o investimento e a melhoria da qualidade de vida das pessoas — afirmou a ministra.
Sinergia
Haddad e Marina ressaltaram em Davos que as respostas institucionais foram rápidas, e em poucas horas o governador do Distrito Federal (Ibaneis Rocha) foi afastado e foi decretada intervenção no DF, com centenas de presos e financiadores sendo identificados. Segundo Marina, a situação mostra instituições fortes, e “mesmo com a sociedade dividida, parte dos que votaram em Bolsonaro não concorda com os eventos extremos” do dia 8.
Questionado sobre o “ambicioso plano econômico para reduzir o déficit”, Haddad ressalvou que, “sendo franco, não se trata de um plano ambicioso”, mas uma proposta inicial para corrigir problemas causados “não pela pandemia, mas pela (então) iminente derrota do governo anterior nas eleições, (que) tomou uma série de medidas de dispêndios eleitoreiros”. Isso, explicou, provocou uma renúncia de 1,5% do PIB em arrecadação e causou “enorme desequilíbrio nas contas”.
Segundo Marina, o que caracteriza o novo governo Lula é a “sinergia” e a proposta de “trabalhar para estabilizar a democracia e enfrentar as desigualdades sociais”. Ela lembrou que é preciso enfrentar as desigualdades de uma realidade de 33 milhões de pessoas que passam fome no Brasil.
Amazônia
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, por sua vez, destacou que, com os novos rumos do país, o Fundo Amazônia, inativo desde o início da trágica era Bolsonaro em 2019, já foi restabelecido.
O combate ao desmatamento será prioridade, disse, e, com apoio da Fazenda, sua pasta terá recursos ampliados e os fundos de doação não serão colocados no teto de gastos.
— O Brasil tem compromissos ambiciosos: ser um país economicamente próspero, socialmente justo e politicamente democrático, culturalmente diverso e ambientalmente sustentável — resumiu a ministra.