A declaração ocorre em meio a uma pressão das companhias aéreas por medidas de socorro junto ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após os impactos da pandemia. O setor reclama do patamar de preços do QAV, argumentando que a Petrobras teria mais espaço para reduzi-lo, mas a estatal contesta essa avaliação.
Por Redação - do Rio de Janeiro
Ministro da Fazenda, o ministro Fernando Haddad argumentou, nesta segunda-feira, que o preço do querosene de aviação (QAV) não pode ser usado como justificativa para o aumento das passagens aéreas, no país. Haddad usa como base de cálculo o fato de o valor do combustível se manter em trajetória de baixa.
A declaração ocorre em meio a uma pressão das companhias aéreas por medidas de socorro junto ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após os impactos da pandemia. O setor reclama do patamar de preços do QAV, argumentando que a Petrobras teria mais espaço para reduzi-lo, mas a estatal contesta essa avaliação. Na semana passada, a companhia afirmou que, em 12 meses, cortou em cerca de 30,3% o valor do combustível para as distribuidoras.
— Vamos esclarecer que o preço do querosene (de aviação) caiu durante o nosso governo. O preço do querosene não pode ser justificativa para aumento do custo de passagem aérea — afirmou Haddad, durante entrevista nesta manhã após encontro com pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre, na Zona Sul do Rio.
Despesa
O ministro acrescentou que o governo estuda uma possível ajuda para a reestruturação do setor aéreo, mas sem dinheiro do Tesouro Nacional. O ministro estimou que uma proposta de auxílio poderá ser desenhada ainda neste mês de fevereiro.
— Vamos entender melhor o que está acontecendo. Não existe socorro com dinheiro do Tesouro. Isso não está nos nossos planos. O que está eventualmente na mesa é viabilizar uma reestruturação do setor, mas que não envolva despesa primária — adiantou Haddad.
Em uma reunião com Lula prevista para esta semana, as companhias aéreas reforçarão um pedido feito a Haddad de ao menos R$ 3 bilhões em linhas de crédito, conforme apurou o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo. Sem isso, elas não devem aderir ao Programa Voa Brasil, cujo objetivo é oferecer passagens a R$ 200 para grupos específicos.
Ainda nesta manhã, Haddad disse que a ajuda ao setor "pode ter" a criação de um fundo, mas ele reforçou que o auxílio não contará com despesas primárias. Em dezembro último, o ministro demonstrou preocupação com o impacto das passagens aéreas nos cálculos inflacionários.