Na avaliação de Haddad, a reforma do Imposto de Renda é a primeira real tentativa do Estado brasileiro para mexer no tema da desigualdade.
Por Redação – de Brasília
Ministro da Fazenda, o economista Fernando Haddad calcula que a nova faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil mensais seja sancionada até outubro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao portal ICL Notícias, nesta terça-feira, o ministro disse que o combate à desigualdade social é fator primordial para o desenvolvimento do Brasil, o que reforça o posicionamento do governo federal em favor da ampliação da faixa de isenção.

Se tudo der certo, disse o ministro, “20 milhões vão deixar de pagar IR durante este mandato”.
— Já atualizamos a faixa de isenção por três vezes neste governo. Em um mandato, passamos de uma faixa de R$ 1,9 mil (de isenção) para R$ 5 mil. Nunca houve isso — afirmou.
Plano Real
Na avaliação de Haddad, a reforma do Imposto de Renda é a primeira real tentativa do Estado brasileiro para mexer no tema da desigualdade.
— Além disso, a renda teve um aumento, em 3 anos, de 18% acima da inflação. Não sou eu quem está dizendo. São dados do IBGE. É o maior aumento de renda desde o Plano Real. Uma coisa é combater a miséria, e o presidente Lula está fazendo isso pela segunda vez, ao tirar o Brasil do mapa da fome. Agora, o tema da desigualdade, raramente foi tocado. Estamos entre os piores dez países em termos de distribuição de renda — acrescentou.
O ministro destacou que, atualmente, o país ainda tem mais de R$ 600 bilhões em renúncias fiscais.
— Na minha opinião, esse é o maior escândalo. Nós conseguimos reverter R$ 100 bilhões e foi essa crítica toda ao governo, uma renúncia que já estava batendo em R$ 700 ou R$ 800 bilhões — pontuou.
Renda
Haddad disse que o objetivo do governo é diminuir o imposto sobre o consumo ao cobrar mais imposto de renda dos ricos.
— O Congresso Nacional tem, agora, uma oportunidade muito importante, de colocar o Brasil na rota da justiça social e do combate à desigualdade. Não podemos continuar sendo um dos dez piores países em termos de distribuição de renda. É muito difícil pensar em desenvolvimento com esse nível de desigualdade — observou.
Juros
Ainda segundo Haddad, o atual patamar da taxa Selic é “injustificável”. Segundo o ministro, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, assumiu a autoridade monetária durante uma crise, mas que ele entregará um “resultado consistente”.
— Foi uma transição muito complexa, não foi uma transição simples. Isso não foi devidamente diagnosticado, na minha opinião — afirmou, referindo-se da troca de Roberto Campos Neto para Galípolo.
Apesar de defender o presidente do BC, dizendo que não vota no Comitê de Política Monetária (Copom), o ministro declarou que há espaço para os juros caírem.
— Eu penso que o Galípolo vai chegar num momento em que ele vai juntar a diretoria e tomar essa decisão. Eu entendo que tem espaço para esse juro cair — concluiu.