Haddad concorda que a alta recente do dólar deve-se a “muitos ruídos”. O ministro reconheceu que a moeda norte-americana subiu mais em relação ao real do que na comparação com moedas de países emergentes e propõe a melhoria da comunicação do governo para informar resultados econômicos.
Por Redação, com agências internacionais – de Lisboa
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), destacou a importância de uma comunicação clara e coerente sobre a autonomia do Banco Central (BC) e a rigidez do arcabouço fiscal como medidas cruciais para conter a valorização do dólar em relação ao real. A jornalistas, nesta manhã, Haddad reiterou sua crença de que o melhor a fazer é acertar a comunicação, “tanto em relação à autonomia do Banco Central (…) quanto em relação ao arcabouço fiscal”.
— Não vejo nada fora disso, autonomia do Banco Central e rigidez do arcabouço fiscal, é isso que vai tranquilizar as pessoas — disse o ministro.
A declaração de Haddad ocorreu no mesmo dia em que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abordou a gestão do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Moedas
Haddad, por sua vez, concorda que a alta recente do dólar deve-se a “muitos ruídos”. O ministro reconheceu que a moeda norte-americana subiu mais em relação ao real do que na comparação com moedas de países emergentes e propõe a melhoria da comunicação do governo para informar resultados econômicos.
— Atribuo (a alta do dólar) a muitos ruídos. Eu já falei isso no Conselhão (reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, na última quinta-feira), precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o país está atingindo — disse Haddad no início da noite passada, após o dólar fechar em R$ 5,65 e atingir o maior nível em dois anos e meio.
Segundo Haddad, (o dólar) está alto. Apesar da desvalorização (de outras moedas) ter acontecido no mundo todo, de uma maneira geral, “aqui aconteceu maior do que nos nossos pares: Colômbia, Chile, México”. O executivo, porém, não informou quais ruídos têm provocado a desvalorização do real.
Decisão
O dólar, de acordo com o ministro, tende a acomodar-se nas próximas semanas e até reverter parte da alta recente.
— Vai acomodar, porque a hora em que esses processos se desdobrarem, isso tende a reverter, na minha opinião — declarou.
Sobre uma possível intervenção do Banco Central no câmbio, defendida por vários economistas, o ministro disse que a decisão cabe exclusivamente à autoridade monetária.
O resultado da arrecadação de junho, que foi informado a ele no início desta tarde, pela Receita Federal, serve como exemplo de um fato que merece ser bem divulgado. Segundo Haddad, os números vieram novamente acima do previsto, mesmo com o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul sobre as contas públicas.
— Estamos no sexto mês de boas notícias na atividade econômica e na arrecadação. Vocês vão lembrar que era uma (estimativa de) arrecadação que foi colocada num patamar muito desafiador — observou.
Direitos
Parte da alta do dólar deve-se também à expectativa do mercado financeiro sobre o anúncio de medidas de corte de gastos para o Orçamento de 2025 e do contingenciamento (bloqueio) de verbas públicas para o Orçamento deste ano. Haddad informou que se reunirá com o presidente Lula, na quarta-feira, para tratar dessas pautas.
O Orçamento de 2025 somente será enviado ao Congresso em 30 de agosto. Sobre a possibilidade de o governo antecipar o anúncio de medidas de corte de gastos a partir do próximo ano, Haddad disse que somente o presidente Lula pode tomar a decisão.
— O presidente tem um compromisso de não ferir direitos. E esse compromisso vai ser respeitado pela equipe econômica. Nós entendemos perfeitamente a preocupação dele e por isso que nós não estamos nos atendo a um item e estamos fazendo um diagnóstico geral das questões que precisam ser enfrentadas — concluiu Haddad.