Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Guedes perde espaço no governo, em meio a novo desgaste

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Quinta, 13 de Janeiro de 2022 às 10:48, por: CdB

Resiliente, Guedes tem se mantido no cargo apesar dos constantes bombardeios de setores próximos ao presidente. Mas, segundo constatou um assessor à reportagem do Correio do Brasil, nesta tarde por telefone, em condição de anonimato, “a paciência tem limites”. Analistas do mercado financeiro observam de perto a nova realidade do ministro.

Por Redação - de Brasília
A promessa pública de deixar o governo ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL), jurada perante o Congresso, em uma das oitivas quanto à crise econômica que acompanha seu trajeto desde que assumiu o Ministério da Economia, estaria prestes a levar o empresário Paulo Guedes de volta à vida privada. Com inflação descontrolada, desemprego em níveis recordes, miséria e fome disseminadas, o cenário resume seu prestígio, ou a falta dele, junto aos articuladores da possível campanha à reeleição do atual mandatário.
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Paulo Guedes, cada vez mais enfraquecido no cerne do governo, não sabe responder às perguntas mais difíceis
Resiliente, Guedes tem se mantido no cargo apesar dos constantes bombardeios de setores próximos ao presidente. Mas, segundo constatou um assessor à reportagem do Correio do Brasil, nesta tarde por telefone, em condição de anonimato, “a paciência tem limites”. Uma vez consolidado o fracasso econômico, em ano de eleição, a derrota de Bolsonaro será uma mancha histórica no currículo do empresário que se tornou agente público. — Na ‘rádio-corredor’ do ministério (da Economia), muitos já se arriscam a prever que Guedes deixe o cargo antes do fim do ano. Bem antes — previu.

Repercussão

Nesta quinta-feira, Bolsonaro mandou publicar um decreto presidencial no Diário Oficial da União que delega ao ministro da Economia competências para a abertura de créditos autorizados na Lei Orçamentária de 2022 (LOA-2022), bem como para atos de alterações orçamentárias, desde que seja autorizado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), líder de peso do chamado ‘Centrão’. De acordo com a Secretaria-Geral da Presidência da República, a publicação do decreto tem por objetivo “dar maior celeridade na efetivação dessas alterações, ao tempo em que libera a Presidência da República para análise de projetos de atos de maior repercussão”. Entre as competências delegadas pelo Decreto ao ministro da Economia está a alteração de Grupos de Natureza de Despesa (GND); a abertura de créditos suplementares autorizados na Lei Orçamentária de 2022; a reabertura de créditos especiais em favor de órgãos do Executivo federal; e a abertura de créditos especiais ao Orçamento de Investimento para o atendimento de despesas relativas a ações em execução no exercício de 2021.

Saldos negativos

Também estão delegadas competências para a reabertura de créditos extraordinários e para transposição, remanejamento ou transferência das dotações orçamentárias aprovadas na Lei Orçamentária de 2022 e em créditos adicionais, em decorrência da extinção, transformação, transferência, incorporação ou do desmembramento de órgãos e de entidades da administração pública federal – bem como da alterações de algumas de suas competências ou atribuições. Outra competência prevista para o ministro é a “transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação”; e a abertura de créditos suplementares ou especiais para ajustar eventuais saldos negativos “apurados entre o Projeto de Lei Orçamentária de 2022 encaminhado ao Congresso Nacional e a respectiva Lei em decorrência da execução prevista no referido artigo”. Em nota divulgada sobre o decreto, na noite passada, o Palácio do Planalto não citava a alteração quanto à redução de poder do ministro da Economia. Peculiar, a medida é tomada durante o acirramento da disputa entre as equipes de Paulo Guedes e de auxiliares palacianos. Em jogo também está a tentativa de Bolsonaro de consolidar apoio político para a eleição, em que ele aparece em segundo lugar, embora distante do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com todos os levantamentos realizados até agora.
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