O desembolso de dinheiro do Erário saltou de R$ 44,5 milhões no primeiro trimestre de 2018 para R$ 75,5 milhões no mesmo período de 2019.
Por Redação, com Conexão Jornalismo - de Brasília e São Paulo
Cada vez mais distante das promessas de governo e longe do que afirmou ao longo da campanha eleitoral, quando prometeu reduzir “ou até extinguir” a verba publicitária para os canais de TVs e jornais do que ele chama “a velha mídia”, o presidente Jair Bolsonaro ampliou o gasto público com a propaganda oficial nestes primeiros 100 dias de governo. O aumento foi elevado.
O desembolso de dinheiro do Erário saltou de R$ 44,5 milhões no primeiro trimestre de 2018 para R$ 75,5 milhões no mesmo período de 2019. O que mudou, na realidade, foi a ordem dos beneficiados. A Rede Globo, favorecida nos governos do PSDB e do PT, hoje é a terceira melhor aquinhoada.
Segundo os dados da Secretaria Especial de Comunicação da Presidência (SECOM), os gastos do governo com publicidade institucional teve um aumento ainda maior se a comparação for feita entre os gastos em 2017 e 2019: neste caso ele é 101%, já descontada a inflação no período.
Faturamento
E é aí que fica nítida a insatisfação com a cobertura da Rede Globo. Os dados mostram que em 2017 e 2018, a Globo encontrava-se isolada na liderança do bolo publicitário, e que Record e SBT se revezavam em segundo lugar. Em 2017, a Globo faturou R$ 6,9 milhões no primeiro trimestre. Em segundo lugar ficou o SBT, com R$ 1,34 milhão. Em terceiro, a Record, com R$ 1,21 milhão. Em 2018, o padrão se manteve.
Em 2019, tudo mudou: em primeiro lugar ficou a Record, com R$ 10,3 milhões; em segundo, o SBT, com R$ 7,3 milhões; a Globo despencou para terceiro, com R$ 7,07 milhões.
Antes o que norteava a distribuição da verba e que atendia aos interesses da Globo era suposto um critério técnico que premiava a audiência: quanto maior a visibilidade, maior o faturamento. Isso fazia com que a Globo se distanciasse cada vez mais das demais.
Oligarquias
Para superar a Globo, Record e SBT tiveram crescimentos exponenciais de seus faturamentos publicitários junto à Secom. Em relação a 2018, o crescimento do faturamento publicitário da Record junto à Secom no primeiro trimestre de 2019 foi de 659%, valor já considerando a variação da inflação no período.
Depois do apoio maciço do SBT e da Record a Bolsonaro, na campanha presidencial, começam a surgir os primeiros resultados positivos para estes grupos econômicos. O presidente e sua família fazem diversos elogios à TV Record e ao empresário Silvio Santos e, em seu Twitter, o deputado federal Eduardo Bolsonaro chegou a publicar um vídeo fazendo elogios à linha editorial das emissoras sobre a visita do presidente a Israel.
Desde que assumiu o poder, Bolsonaro já concedeu duas entrevistas exclusivas à Record e, neste domingo, presenteou o bispo Edir Macedo, dono da emissora, com o passaporte diplomático para ele e a mulher.
Nos quatro governos do PT o critério desenvolvido impediu o surgimento de mídias alternativas ao modelo centralizado brasileiro e que é representado por oligarquias familiares. Apesar das promessas, o dinheiro era distribuído de maneira política e apenas grupos alinhados eram contemplados não para democratizar a mídia, mas numa espécie de “cala-boca” governamental.