Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Governo israelense notifica ONU sobre fim de relação com Unrwa

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Segunda, 04 de Novembro de 2024 às 10:45, por: CdB

O Parlamento israelense aprovou no mês passado dois projetos de lei que proíbem a Unrwa de operar no país, na esteira das suspeitas sobre a participação de funcionários do organismo nos atentados terroristas do Hamas.

Por Redação, com ANSA e DW – de Jerusalém

O governo de Israel notificou oficialmente a ONU sobre o fim das relações com a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (Unrwa), decisão criticada pela comunidade internacional por colocar em risco a ajuda humanitária para a população civil da Faixa de Gaza.

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Distribuição de sacos de farinha pela Unrwa em Deir el-Balah, na Faixa de Gaza

O Parlamento israelense aprovou no mês passado dois projetos de lei que proíbem a Unrwa de operar no país, na esteira das suspeitas sobre a participação de funcionários do organismo nos atentados terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixaram 1,2 mil mortos.

“O Ministério das Relações Exteriores notificou a ONU sobre a anulação do acordo entre o Estado de Israel e a Unrwa”, diz um comunicado da chancelaria de Tel Aviv. Já o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, afirmou que a agência é “parte do problema na Faixa de Gaza, e não da solução”.

Os riscos

O chanceler ainda minimizou os riscos de o veto prejudicar a entrega de ajuda ao enclave palestino, devastado por mais de um ano de uma guerra que já matou mais de 43 mil pessoas. “A grande maioria do auxílio humanitário a Gaza é fornecida por outras organizações, e apenas 13% é entregue por meio da agência”, salientou.

No entanto, um porta-voz da Unrwa, Jonathan Fowler, declarou à agência francesa de notícias AFP que a proibição de operar em Israel pode “colapsar” o sistema de ajuda humanitária internacional na Faixa de Gaza, do qual o órgão da ONU é “a espinha dorsal”.

Palestinos no norte de Gaza correm perigo de morte

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou, no domingo, que toda a população palestina no norte da Faixa de Gaza está sob “risco iminente” de morrer de doenças, fome ou devido aos constantes bombardeios israelenses.

A diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell, alerta que somente nas últimas 48 horas, mais de 50 crianças foram mortas em Jabalia, o maior dos oito campos de refugiados em Gaza, onde ataques aéreos israelenses destruíram dois prédios residenciais que abrigavam centenas de pessoas.

Israel restringiu significativamente o acesso de ajuda humanitária a Gaza em outubro, permitindo a entrada de aproximadamente um terço da assistência que conseguiu ser transportada para o enclave palestino no mês anterior.

Bombardeios

Russell criticou as ações de Israel contra a população e as estruturas civis, assim como aos trabalhadores humanitários e seus veículos, que, segundo disse, “devem sempre ser protegidos de acordo com o direito internacional humanitário”.

— Ordens de deslocamento ou evacuação [dadas pro Israel] não permitem que nenhuma parte do conflito considere todos os indivíduos ou objetos em uma área como alvos militares; tampouco os isentam de suas obrigações de distinguir entre objetivos militares e civis, agir de modo proporcional e tomar todas as precauções viáveis nos ataques — afirmou.

Segundo a executiva, “esses princípios, porém, estão sendo desrespeitados repetidamente, deixando dezenas de milhares de crianças mortas, feridas e privadas de serviços essenciais necessários para a sobrevivência”, e pede o fim dos ataques a civis, trabalhadores humanitários, e ao que resta das instalações e infraestrutura civis em Gaza.

Refugiados

Profissionais de saúde palestinos relataram neste domingo que ao menos 31 pessoas morreram em ataques aéreos israelenses em Jabalia e Beit Lahiya, também no norte de Gaza.

Os médicos afirmam que ao menos 13 palestinos morreram em ataques a áreas residenciais nos dois campos de refugiados e os demais foram mortos em bombardeios israelenses na Cidade de Gaza e em áreas do sul, incluindo Khan Younis, onde morreram oito pessoas, incluindo quatro crianças.

O Exército israelense deu inicio a uma nova ofensiva no norte de Gaza em 6 de outubro, sob a justificativa de tentar impedir que os combatentes do Hamas se reagrupassem. Pessoas na região relataram que as forças israelenses cercaram hospitais e abrigos para palestinos desabrigados e atacaram áreas residenciais.

Enclave

— Os relatos sobre este ataque são ainda mais perturbadores, porque a Clínica Sheikh Radwan é um dos postos de saúde onde os pais podem vacinar seus filhos. O ataque de hoje ocorreu enquanto a pausa humanitária ainda estava em vigor, apesar das garantias de que a pausa seria respeitada — criticou Rosalia Bollen, porta-voz do Unicef.

A ofensiva israelense em Gaza teve início em 7 de outubro do ano passado, em reação aos ataques terroristas do grupo islamista Hamas em Israel, que mataram em torno de 1.200 pessoas.

Os ataques e bombardeios de Israel em Gaza deixaram mais de 43 mil mortos no enclave, segundo dados do Ministério da Saúde local, administrado pelo Hamas.

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