Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Governo da Islândia volta a permitir caça às baleias

Arquivado em:
Sexta, 01 de Setembro de 2023 às 12:39, por: CdB

Prática havia sido suspensa após relatório denunciar maus tratos aos animais. ONGs criticam retrocesso e acusam governo de ignorar a ciência. País é um dos últimos a autorizar a caça comercial.


Por Redação, com DW - de Berlim


O governo da Islândia anunciou na quinta-feira que a caça comercial às baleias voltará a ser permitida no litoral do país, ainda que em condições mais rígidas.




baleia.jpg
Cotas anuais na Islândia autorizam a matança de 209 baleias-comum, o segundo maior mamífero do mundo, e 217 baleias minke

A nação insular decidiu não ampliar uma proibição de dois meses que havia sido imposta em razão de preocupações com o bem-estar dos animais.


"A caça pode ser retomada amanhã (…) com exigências mais rígidas e detalhadas para os equipamentos e métodos de caça, assim como o aumento da supervisão", afirmou em nota o Ministério islandês de Alimentos, Agricultura e Pesca. 


A Islândia, um dos três países que ainda permitem essa prática, juntamente com a Noruega e o Japão, é alvo de fortes críticas por parte de ambientalistas e defensores dos direitos dos animais.


A caça às baleias foi proibida em 20 de junho após um relatório da Autoridade Veterinária e de Alimentos da Islândia concluir que a prática não estava em acordo com a Lei de Proteção aos Animais do pais.



Arpões explosivos


O monitoramento da caça à baleia-comum, na qual são utilizadas arpões explosivos, revelou que a morte desses animais levava tempo demais, contrariando a lei islandesa.


No relatório divulgado em maio consta que 67% das 58 baleias capturadas pelos baleeiros monitorados morreram ou perderam a consciência imediatamente. No entanto, outras 14 baleias foram arpoadas mais de uma vez, sendo que outras duas foram atingidas quatro vezes antes de morrer.


Após a divulgação do relatório, um grupo de especialistas avaliou meios de reduzir as irregularidades durante a caça às baleias e concluiu que "é possível melhorar os métodos utilizados na caça de baleias de grande porte" e aumentar os cuidados com o bem-estar dos animais.


O Ministério informou que o Diretório de Pesca da Islândia e a Autoridade Veterinária e de Alimentos trabalharão em conjunto para fiscalizar a prática.


"Existem os fundamentos para fazermos mudanças nos métodos de caça que podem levar à redução de irregularidades. Desta forma, melhorando as condições do bem-estar dos animais", disse o Ministério.



Decisão "devastadora e inexplicável"


A ONG Humane Society International (HSI), que de proteção aos animais, classificou a decisão do governo islandês como "devastadora e inexplicável", e considerou a atitude como uma oportunidade perdida para fazer "a coisa certa".


– É inexplicável que a ministra (Svandis) Svavarsdottir tenha rejeitado o aconselhamento científico inequívoco que ela própria encomendou, que demostrou a brutalidade e a crueldade da matança comercial das baleias – disse o diretor da HSI, Ruud Tombrock.


O país possui uma única companhia baleeira, a Hvalur, cuja licença para caçar baleias expira em 2023. Em 2020, uma empresa rival encerrou suas atividades, alegando que a prática não era mais lucrativa.


As cotas anuais autorizam a matança de 209 baleias-comum, o segundo maior mamífero do mundo atrás da baleia azul, e 217 baleias minke, uma das menores espécies. No entanto, a caça diminuiu drasticamente nos últimos anos em razão do encolhimento do mercado de carne de baleia.






Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo