Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Galípolo lamenta que inflação não tende a alcançar o centro da meta

Gabriel Galípolo, presidente do BC, expressa preocupação com a inflação, que deve ficar acima da meta de 3% durante seu mandato, segundo o boletim Focus.

Terça, 25 de Novembro de 2025 às 21:26, por: CdB

Galípolo lamentou ainda que, pelas projeções do boletim Focus, o BC não conseguirá cumprir esta meta de 3% durante todo o seu mandato.

Por Redação – de Brasília

Presidente do Banco Central (BC), o economista Gabriel Galípolo observou, nesta terça-feira, que a instituição não pode perseguir a banda superior da meta de inflação, de 4,5%, mas sim o centro do objetivo, de 3%.

Galípolo lamenta que inflação não tende a alcançar o centro da meta | O ex-banqueiro privado Gabriel Galípolo é hoje presidente do BC
O ex-banqueiro privado Gabriel Galípolo é hoje presidente do BC

— A meta não é a banda superior. A banda foi feita para que, dado que (a inflação) oferece flutuações… criou-se um ‘buffer’ para amortecer eventuais flutuações. Mas de maneira nenhuma a meta é de 4,5%. Tenho que perseguir uma meta de inflação de 3% — afirmou Galípolo durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Galípolo lamentou ainda que, pelas projeções do boletim Focus, o BC não conseguirá cumprir esta meta de 3% durante todo o seu mandato. O economista ficará na presidência da autarquia até 31 de janeiro de 2028. No Focus, que reúne as projeções dos economistas do mercado, a expectativa é de que a inflação seja de 4,18% no fim de 2026, de 3,80% no encerramento de 2027 e de 3,50% no final de 2028 — em todos os casos, acima do centro da meta.

— As projeções do Focus mostram que o BC não vai cumprir a meta durante todo o meu mandato. Eu vou passar meu mandato inteiro sem cumprir a meta de inflação — lamentou.

 

Suspeitas

Ainda segundo o chefe da autoridade monetária do país, a atuação da autarquia sobre o Banco Master tende a se intensificar e já prepara uma nova série de procedimentos administrativos para aprofundar suspeitas de irregularidades envolvendo a instituição. As apurações internas vão além dos fatos já identificados pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal.

As novas frentes de investigação surgem após a liquidação do banco, realizada na semana passada, e incluem a análise de possíveis fraudes, omissões e operações atípicas que se estenderiam para além dos crimes já mencionados na ‘Operação Compliance Zero’, que levou à prisão do banqueiro Daniel Vorcaro e de outros seis executivos ligados ao conglomerado.

As próximas ações da autarquia também se voltam ao fundo Bravo, administrado pela gestora Reag e vinculado ao Master. O fundo, um FDIC que afirmava possuir R$ 8 bilhões em patrimônio, encerrou suas atividades em novembro de 2024 sem nunca ter divulgado documentos detalhando seus investimentos. A Reag, por sua vez, é alvo de outra operação da PF, a ‘Carbono Oculto’, que investiga conexões entre fintechs e gestoras de recursos com a facção criminossa Primeiro Comando da Capital (PCC).

 

Indícios

O caso ganhou novo contorno político após o senador Eduardo Girão (Novo-RN) anunciar que vai propor uma “investigação legislativa profunda, ampla e rigorosa” sobre o que descreve como um possível esquema de engenharia financeira fraudulenta. No requerimento, o parlamentar afirma que os indícios já revelados pela PF, pelo BC e pela imprensa “podem configurar uma das maiores pirâmides financeiras já identificadas no País, com dano sistêmico ao mercado e potencial prejuízo ao patrimônio público”.

Durante a ‘Operação Compliance Zero’, técnicos do BC relataram à PF que nunca haviam vivenciado pressão política tão intensa quanto a registrada em favor do Master. A força-tarefa também identificou que o banco teria deixado de recolher depósitos compulsórios desde julho, descumprindo uma obrigação legal considerada essencial para a segurança do sistema financeiro.

Banqueiros brasileiros, ouvidos em condição de anonimato pela mídia conservadora, avaliam que o ex-presidente do BC, o economista Roberto Campos Neto, pode ter se omitido diante do agravamento da crise do banco Master. A percepção foi relatada em conversas reservadas durante o tradicional almoço de fim de ano da Febraban.

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