Nesta sexta-feira, a polícia se posicionou na entrada de uma fazenda na localidade de Ariège, no sul da França, onde um rebanho de 207 vacas começou a ser abatido devido a um caso da doença.
Por Redação, com RFI – de Paris
Produtores rurais protestam há dois dias contra a decisão do governo francês de abater centenas de bovinos para combater a dermatose nodular contagiosa, transmitida por picadas de mosquitos.

Nesta sexta-feira, a polícia se posicionou na entrada de uma fazenda na localidade de Ariège, no sul da França, onde um rebanho de 207 vacas começou a ser abatido devido a um caso da doença.
Na quinta-feira, as forças de segurança tiveram de assumir o controle da propriedade, usando gás lacrimogêneo contra agricultores que bloqueavam a entrada dos veterinários.
Autoridades locais informaram em comunicado divulgado na quinta-feira que o abate é o único método eficaz para impedir a propagação da doença por todo o rebanho francês e seria realizado o mais rapidamente possível, seguido de uma campanha de vacinação.
Os opositores dessa estratégia, apoiados pela Coordenação Rural e pela Confederação dos Agricultores, denunciam o que classificam como protocolo ‘injusto e ineficaz’ e exigem uma imunização mais ampla.
Sindicatos agrícolas locais e a Câmara de Agricultura propuseram, sem sucesso, um protocolo experimental ao Ministério da Agricultura, solicitando que apenas as vacas contaminadas fossem abatidas, paralelamente à vacinação em massa do rebanho.
Casos recentes
Na última terça-feira, um caso de dermatose nodular contagiosa foi detectado em Ariège, na Occitânia. No dia seguinte, outro foi identificado nos Altos Pireneus. Esses são os primeiros casos registrados nesses departamentos desde que o primeiro surto foi detectado em Savoia no fim de junho.
‘Diante da súbita deterioração da situação sanitária, o Ministério da Agricultura decidiu ampliar as medidas de controle, estabelecendo uma zona de vacinação que abrange os departamentos de Aude, Haute-Garonne, Gers e Pireneus Atlânticos (excluindo os municípios já localizados em área regulamentada)’, anunciou a pasta em comunicado à imprensa nesta sexta-feira.
A partir de agora, a vacinação de todo o gado é obrigatória dentro dessa zona, e os animais não podem sair dela, exceto para se dirigirem a um matadouro, especificou o ministério. Em declaração separada, o prefeito da região dos Pireneus Atlânticos, no sudoeste do país, também mencionou o departamento de Landes entre os incluídos na zona de imunização ampliada.
Medidas para evitar novas perdas
Nesta sexta-feira, o governo ampliou as áreas de vacinação obrigatória na Occitânia, no sudoeste do país, em resposta à ‘deterioração repentina da situação sanitária’, em meio à indignação dos pecuaristas com a estratégia de abate de rebanhos implementada até o momento. O ministro do Comércio, Serge Papin, declarou hoje que ‘a solução é a vacina’.
– Só resolveremos isso por meio da imunização (…) Todos estão agindo de boa-fé neste assunto. O Estado precisa tomar uma decisão e proteger o que é essencial – afirmou ele à rádio francesa Europe 1. Arnaud Rousseau, presidente da federação rural francesa (FNSEA), anunciou na quinta-feira à noite que havia solicitado à ministra da Agricultura, Annie Genevard, uma ‘extensão da zona de vacinação para além das áreas regulamentadas.
A dermatose nodular contagiosa é uma doença viral ‘altamente prejudicial à saúde do gado’, segundo o Ministério da Agricultura francês. Ela provoca febre, queda da lactação, hipertrofia dos gânglios linfáticos e nódulos na pele e nas mucosas, com ‘perdas significativas na produção’, que podem levar ‘à morte de parte do rebanho infectado’.
A doença ‘não é transmissível ao homem’ e não há ‘nenhum risco para a saúde humana relacionado ao consumo de produtos provenientes desses animais’, especifica o ministério. Ela é transmitida aos animais por picadas de mosquitos infectados, afetando apenas bovinos e búfalos.