Elliott Abrams, que serviu nas administrações de Ronald Reagan e George W. Bush, disse em seu relatório a Trump que qualquer solução negociada precisaria ser alcançada entre os próprios venezuelanos.
Por Redação, com agências internacionais - de Caracas e Washington
Não há o menor sinal de que o presidente venezuelano Nicolás Maduro esteja aberto a negociações para acabar com o impasse político com o líder da oposição Juan Guaidó, disse neste domingo o enviado de Washington à Venezuela, Elliot Abrams, ao presidente norte-americano, Donald Trump. Maduro, que segue firme no cargo, disse aos norte-americanos que não tentem uma invasão ao seu país. Caso insistam, voltarão a enfrentar “um novo Vietnã”, disse, referindo-se à clássica derrota dos EUA para um inimigo comunista.
Elliott Abrams, que serviu nas administrações de Ronald Reagan e George W. Bush, disse em seu relatório a Trump que qualquer solução negociada precisaria ser alcançada entre os próprios venezuelanos. E que os Estados Unidos poderiam ajudar mais se levantassem ou facilitassem as sanções norte-americanas.
Abrams, no entanto, minimizou qualquer possibilidade de que o presidente venezuelano estivesse pronto para falar sobre sua saída.
— De tudo o que vimos, a tática de Maduro é ficar parado — disse Abrams.
Moscou
Embora cerca de 56 países reconheçam Guaidó como o chefe de Estado interino da Venezuela, o presidente Maduro tem assegurado o apoio da Rússia e da China e se mantém integralmente no controle de instituições estatais, incluindo as forças armadas.
Abrams se encontrou com representantes russos nos EUA e conversaram sobre o apoio de Moscou a Maduro. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse no início do mês, depois de um telefonema com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que Moscou estava pronta para participar de conversações bilaterais sobre a Venezuela.
— (Os russos) continuam a apoiá-lo e não há indicação de que eu tenha visto que eles estão dizendo que é hora de acabar com isso — disse Abrams.
Empréstimos
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da agência inglesa de notícias Reuters. Washington, por sua vez, pediu aos bancos estrangeiros que garantam que os funcionários do governo de Maduro e da Venezuela não estejam escondendo ativos financeiros no exterior.
John Bolton, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, na semana passada ameaçou impor sanções contra qualquer instituição financeira que ajudasse Maduro.
Moscou tem US$ 3,1 bilhões em dívidas soberanas da Venezuela e atuou como credor de última instância para Caracas, com o governo e a gigante do petróleo russa, a Rosneft, entregando à Venezuela pelo menos US$ 17 bilhões em empréstimos e linhas de crédito desde 2006.
Cuba também segue firme no apoio a Maduro.
— De certa forma, eles são os principais assessores de Maduro — disse Abrams sobre o papel de Havana.
Sabotagem
Cuba tem sido um dos principais apoiadores do governo socialista venezuelano desde a Revolução Bolivariana que começou sob o ex-líder Hugo Chávez. O governo cubano negou ter forças de segurança na Venezuela e disse que declarações como a de Abrams faziam parte de uma campanha de mentiras que visava abrir caminho para a intervenção militar norte-americana no país sul-americano.
Ainda neste domingo, o presidente Nicolás Maduro disse que o blecaute é culpa de um ato de “sabotagem” dos Estados Unidos na represa hidrelétrica de Guri.
Nos hospitais, a falta de luz, combinada com a ausência ou performance ruim de geradores reserva resultou na morte de 17 pacientes pelo país, segundo a organização não governamental norte-americana Doctors for Health. Os números, porém, não foram confirmados, oficialmente.
Assista à advertência de Maduro aos EUA: