A avaliação sobre a culpa de Flávio é maior entre os brasileiros com ensino superior (67%), renda familiar maior que dez salários mínimos (76%) e entre aqueles que reprovam gestão do pai do senador, o presidente Jair Bolsonaro (85%).
Por Redação - de Brasília e São Paulo
O ano começou com um tom ainda mais negativo para o clã Bolsonaro. Filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi alvo de uma pesquisa do Instituto DataFolha. O estudo, divulgado neste sábado, mostra que 58% dos brasileiros o consideram culpado no caso da "rachadinha" em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), liderado pelo ex-assessor Fabrício Queiroz, ora em prisão domiciliar, no Rio.
Segundo o estudo, 11% consideram Flávio inocente, e outros 31% não souberam responder. O Datafolha ouviu 2.016 pessoas com 16 anos ou mais por telefone em todas as regiões do país entre os dias 8, 9 e 10 de dezembro. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A avaliação sobre a culpa de Flávio é maior entre os brasileiros com ensino superior (67%), renda familiar maior que dez salários mínimos (76%) e entre aqueles que reprovam gestão do pai do senador, o presidente Jair Bolsonaro (85%).
Empate técnico
No entanto, mesmo entre os brasileiros que aprovam a gestão de Bolsonaro, é maior o percentual dos que consideram Flávio culpado: 37%, enquanto 23% o veem como inocente e 40% não sabem dizer.
Entre aqueles que dizem sempre confiar em Jair Bolsonaro, 29% consideram Flávio inocente, enquanto 30% acham o senador culpado, o que é considerado um empate técnico.
O filho do presidente é acusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) de ser o líder de uma organização criminosa que recolhia parte dos salários de seus ex-funcionários da Alerj em benefício próprio.
Disputa interna
Já o filho de Bolsonaro que ocupa uma vaga na Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro, está a um passo de perder o comando da Comissão de Relações Exteriores. O racha no PSL e a disputa pela Presidência da Câmara da Casa ameaçam o retirar o grupo do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) de um dos principais palcos da ala ideológica bolsonarista, no Legislativo.
Considerado uma espécie de chanceler paralelo, Eduardo foi eleito no ano passado para a presidência do colegiado e fez da posição uma caixa de ressonância da guinada ideológica promovida por Ernesto Araújo no Ministério das Relações Exteriores. Na avaliação de parlamentares ouvidos por repórteres do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP) “é que seu grupo tem chances reduzidas de se manter à frente da comissão”.
O principal motivo é o racha no PSL, partido pelo qual o presidente Jair Bolsonaro se elegeu, mas que implodiu no fim de 2019. A divisão das comissões cabe às legendas, e o PSL na Câmara hoje é liderado pela ala que rompeu com o bolsonarismo.
Reservadamente, deputados do PSL dizem que a comissão não é mais uma prioridade. E ainda que, na partilha dos colegiados, a posição for destinada ao PSL, o grupo próximo do presidente da legenda, Luciano Bivar (PE), não pretende entregá-la para a ala rebelde.
Nada a declarar
Esses interlocutores, no entanto, alertam que, mesmo assim, haverá dificuldades e que a competitividade de um candidato apoiado por Eduardo passa necessariamente por um entendimento interno no PSL — algo que até o momento não ocorreu.
Um deputado próximo a Eduardo destacou que o objetivo é lutar para manter a posição, mas reconheceu que a briga no PSL tem dificultado essa perspectiva.
Procurado pela reportagem do Correio do Brasil para confirmar, ou negar, as informações veiculadas na mídia, o deputado Eduardo Bolsonaro não respondeu às tentativas de contato.