Reguladores tomaram o controle do banco na sexta-feira e os investidores aguardam mais clareza sobre o retorno dos depósitos. Nesse vácuo, o USDC caiu abaixo de US$ 1, sendo negociado a cerca de US$ 0,92 às 5h02 de Brasília.
Por Redação, com agências internacionais - de Nova York (NY-EUA) e São Paulo
A segunda maior criptomoeda indexada ao dólar perdeu sua paridade de US$ 1 na madrugada deste sábado, sendo negociada a US$ 0,81, prejudicada pela exposição da sua emissora, a Circle Internet Financial Ltd., ao colapso do Silicon Valley Bank (SVB).
A USD Coin é um elemento chave dos mercados cripto e deve manter um valor constante de US$ 1, com unidades lastreadas por reservas em dinheiro e títulos de curto prazo do Tesouro norte-americano. No entanto, US$ 3,3 bilhões desse estoque, de cerca de US$ 40 bilhões, estão com o Silicon Valley Bank, que acaba de protagonizar a maior falência de um banco de crédito da história dos Estados Unidos.
Reguladores tomaram o controle do banco na sexta-feira e os investidores aguardam mais clareza sobre o retorno dos depósitos. Nesse vácuo, o USDC caiu abaixo de US$ 1, sendo negociado a cerca de US$ 0,92 às 5h02 de Brasília. Stablecoins menores, como DAI e Pax Dollar (USDP), também caíram, em sinal de nervosismo mais amplo dos investidores.
Dois dígitos
Até agora, as preocupações não se espalharam para a stablecoin Tether (USDT), que já enfrentou no passado críticas sobre suas reservas, mas se mantinha a US$ 1 nesta tarde.
Enquanto isso, o mercado cripto mais amplo fechou uma semana de perdas, e apresenta movimento misto neste sábado: pouco depois das 11h, o Bitcoin (BTC) operava em estabilidade nas últimas 24 horas, mantendo o patamar de US$ 20 mil, enquanto tokens menores como Maker (MKR) e Optimism (OP) entraram em território negativo, com queda de dois dígitos.
O diretor de estratégia da Circle, Dante Disparte, descreveu a queda do Silicon Valley Bank como uma “falha de cisne negro” no sistema financeiro dos EUA, afirmando, via Twitter, que sem um plano de resgate federal haveria “implicações mais amplas para negócios, bancos e empreendedores”.
Blockchain
O USDC tem uma oferta circulante de cerca de 41 bilhões de tokens e um valor de mercado de aproximadamente US$ 37 bilhões, mostram os dados da CoinGecko. Um valor líquido de US$ 2 bilhões em USDC foi resgatado nas últimas 24 horas, de acordo com a empresa de pesquisa de blockchain Nansen. Dados compilados pela agência norte-americana de notícias Bloomberg indicaram que o USDC chegou, a certa altura, a ser negociado a US$ 0,81.
Stablecoins como o USDC destinam-se a manter um valor definido em relação a outro ativo altamente líquido, como o dólar americano. Elas têm uma variedade de formas e algumas, como a da Circle, são sustentadas por reservas em dinheiro e títulos. Os investidores costumam depositar recursos em stablecoins enquanto se movem entre as negociações de criptomoedas.
À medida que a liquidação da USDC piorou, a exchange cripto norte-americana Coinbase Global Inc. disse que faria uma “pausa temporária” na conversão de USDC em dólares norte-americanos durante o fim de semana e retomaria na segunda-feira, quando os bancos abrirem.
Transferências
Após a confirmação nesta madrugada de que as transferências iniciadas na quinta-feira para resgatar tokens ainda não foram processadas, US$ 3,3 bilhões dos cerca de US$ 40 bilhões de reservas da USDC permanecem no SVB.
A queda na USDC teve um efeito indireto nas aplicações de finanças descentralizadas que permitem aos usuários negociar, tomar emprestado e emprestar moedas e que tendem a depender fortemente de pares de negociação envolvendo a stablecoin.
— A menos que haja um plano de resgate concreto neste fim de semana, acho que os mercados ficarão feios novamente na próxima semana — resumiu Teong Hng, diretor executivo da empresa de investimentos cripto Satori Research, sobre o fracasso do SVB. A Binance, maior exchange do mundo, também anunciou a suspensão das negociações da USDC.
Saques
No fim da tarde da véspera, órgãos reguladores dos Estados Unidos assumiram o controle do SVB, depois que uma onda de saques e uma queda no preço de suas ações levaram à incerteza sobre o futuro da instituição financeira com foco no setor de tecnologia. Trata-se da segunda maior falência de banco na história dos Estados Unidos, atrás apenas do colapso do Washington Mutual, em 2008.
Sob o impacto da falência do SVB, as principais Bolsas do mundo fecharam o dia em queda. Nos Estados Unidos, Dow Jones caiu 1,07%, S&P 500, 1,45%, e Nasdaq, 1,76%. A Bolsa da Argentina teve baixa de 4,50%. Na Europa, os índices de Alemanha, Inglaterra e França também recuaram.
A queda do Ibovespa também foi acentuada pela crise do banco norte-americano. O índice registrou 103.618 pontos no fechamento, queda de 1,38%.