Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Êxodo de indústrias deixa para trás um cenário de terra arrasada

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Terça, 26 de Janeiro de 2021 às 11:38, por: CdB

Recentemente, outras grandes empresas anunciaram sua saída do Brasil. A Ford mudou-se para a Argentina e a Sony, para a China. Na última semana, a Yoki também anunciou que mudará o local de sua fábrica, que sairá de Nova Prata (RS) para Pouso Alegre (MG). 300 funcionários da empresa também serão dispensados.

Por Redação, com RBA - de São Paulo

A multinacional 3M anunciou o fechamento de sua fábrica em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. O local era responsável pela fabricação de itens odontológicos, que serão realocados para outra sede da empresa, em Sumaré (SP). 120 funcionários deverão ser demitidos.

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A indústria começa o ano com perspectiva pior do que no início da pandemia, em março do ano passado

Recentemente, outras grandes empresas anunciaram sua saída do Brasil. A Ford mudou-se para a Argentina e a Sony, para a China. Na última semana, a Yoki também anunciou que mudará o local de sua fábrica, que sairá de Nova Prata (RS) para Pouso Alegre (MG). 300 funcionários da empresa também serão dispensados.

Reforma

Fausto Augusto Junior, diretor técnico do Dieese, afirmou à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA) que essas mudanças, como a da fábrica da 3M, são reflexo do processo de desindustrialização do país e que se agravou, nos últimos cinco anos, após o golpe de Estado contra a presidenta deposta Dilma Rousseff (PT).

— O setor automotivo tem preferido importar produtos do México, os eletroeletrônicos estão vindo da China. Sem uma política industrial que incentive a produção local, vamos assistir a um país que encolhe sua produção industrial. A indústria está ao deus-dará — disse.

Desmonte

Com a reforma trabalhista, realizada durante o governo de Michel Temer (MDB), o poder de compra do trabalhador foi reduzido. Fausto explica que o Brasil perdeu seu dinamismo econômico, reduziu a demanda e aumentou a concentração de renda.

— É bom lembrar que, desde 2016, todas as políticas de proteção à indústria nacional foram desmontadas, o que acelerou a saída das empresas e caminhamos para ser um país apenas agroexportador — acrescentou o especialista.

Custo-Brasil

O diretor técnico do Dieese rebate o argumento das empresas, que justificam suas saídas por conta do “custo-Brasil” – termo usado para definir um conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas, trabalhistas e econômicas que atrapalham o crescimento da produção industrial.

— Sempre que o mercado fica frágil, o conjunto de empresários tenta recolocar a culpa no “custo-Brasil”, sem especificar o que é. Eles mesmos tentam reduzir os direitos dos trabalhadores cada vez mais. O fato é que quando há demanda, a produção nacional fica aquecida. O que puxa o investimento é seu mercado, a perspectiva de boas vendas, o que não há — resumiu.

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