Operação envolveu devassa em quase mil contas fictícias do X criadas para disseminar desinformação nos EUA e outros países. “Fazenda de bots” movida a inteligência artificial servia a narrativa geopolítica de Putin.
Por Redação, com DW – de Washington
Os Estados Unidos desbarataram uma campanha de desinformação perpetrada pela Rússia, envolvendo bots alimentados por inteligência artificial (IA) para criar perfis falsos na rede social X (ex-Twitter), informou na terça-feira o Departamento de Justiça norte-americano.
Os funcionários confiscaram dois domínios de internet e revistaram 968 contas das redes sociais, as quais agentes secretos russos teriam utilizado para criar uma “fazenda de bots” e disseminar fake news e desinformação nos EUA e em outros países.
“A fazenda de bots da rede social usava elementos de IA para criar perfis fictícios, muitos alegando pertencer a indivíduos dos Estados Unidos, com os quais os operadores então promoviam mensagens apoiando os objetivos do governo russo”, explica o órgão judiciário em comunicado.
A campanha “para semear discórdia nos EUA e outros locais” teria sido desenvolvida por um editor-chefe da emissora de TV estatal russa RT, financiada pelo Kremlin e auxiliada por um funcionário do Serviço Federal de Segurança da Federação Russa (FSB), conforme o Departamento de Justiça.
Contraofensiva a campanha geopolítica de Putin
Têm-se acumulado as advertências em relação a esforços de potências estrangeiras, entre as quais a Rússia, para interferir nas eleições presidenciais americanas de novembro.
O Judiciário americano assegura que diversas narrativas falsas foram difundidas pela fazenda de bots ativa no X. Entre elas, o vídeo de um suposto residente de Mineápolis em que o presidente russo, Vladimir Putin, afirma que áreas da Ucrânia, Polônia e Lituânia seriam “presentes” das forças libertadoras russas a esses países, durante a Segunda Guerra Mundial.
– A Rússia pretendia usar essa fazenda de bots para disseminar desinformação estrangeira gerada por IA, ampliando, com a ajuda da IA, seu trabalho para minar nossos parceiros na Ucrânia e influenciar narrativas geopolíticas favoráveis ao governo russo – relata o diretor do FBI, Christopher Wray. Segundo ele, as presentes ações americanas são pioneiras “em desbaratar uma fazenda de bots fortalecida por IA generativa”.
Na terça-feira, o presidente Joe Biden iniciou, como anfitrião, uma conferência de cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Washington, com o fim de demonstrar determinação contra Moscou e apoio à Ucrânia, que os russos invadiram em 24 de fevereiro de 2022.