Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

EUA ampliam sanções contra Venezuela e entregam petrolífera a golpista

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Sábado, 09 de Fevereiro de 2019 às 14:31, por: CdB

De acordo com fontes citadas pela agência inglesa de notícias Reuters, a petroleira estatal venezuelana PDVSA planeja substituir ao menos dois executivos norte-americanos no conselho de administração de sua subsidiária Citgo Petroleum Corp.

 
Por Redação, com agências internacionais - de Caracas e Washington
  Depois que Washington reconheceu o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó como um legítimo chefe da Venezuela, o Tesouro dos EUA bloqueou todos os ativos da petrolífera estatal venezuelana PDVSA e impôs a proibição de fazer negócios com ela.
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Os militares ainda mantêm a ordem nas ruas das principais cidades da venezuela
De acordo com fontes citadas pela agência inglesa de notícias Reuters, a petroleira estatal venezuelana PDVSA planeja substituir ao menos dois executivos norte-americanos no conselho de administração de sua subsidiária Citgo Petroleum Corp.

Golpe de Estado

Na semana passada, o líder da oposição venezuelana Juan Guaidó anunciou que pediria à União Europeia que protegesse os bens do país, acrescentando que a nova liderança seria nomeada na Citgo, uma subsidiária da estatal venezuelana PDVSA, que enfrenta as sanções de Washington. Caracas vem enfrentando uma crise política há muito tempo, tendo sido agravada com autoproclamação do líder da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, como presidente interino do país no dia 23 de janeiro, enquanto o presidente reeleito Maduro culpa Washington de estar arquitetando um golpe de Estado. Os EUA, a União Europeia e uma série de países da América Latina, inclusive o Brasil, manifestaram seu apoio a Guaidó e à oposição venezuelana. Nicolás Maduro recebeu apoio da Rússia, Cuba, México, Bolívia, Nicarágua, Turquia, Irã e de muitos outros países.

Guaidó

Em entrevista ao diário norte-americano The Wall Street Journal, neste sábado, o senador norte-americano Marco Rubio anunciou que caberá ao autodeclarado “presidente interino” da Venezuela nomear “uma nova direção” da Citgo, e que esta será reconhecida pelos EUA. Já a 29 de janeiro tinha sido anunciado que a administração norte-americana tinha dado a Guaidó o controle da Citgo, da petrolífera venezuelana PDVSA e de outros ativos da Venezuela no estrangeiro. O “New York Times” referiu que a lista de ativos enumerados pelo departamento de Estado dos EUA, também indicava especificamente as contas do Governo da Venezuela ou do Banco Central venezuelano que estão na Reserva Federal de Nova York. Contudo, enquanto a entrega do controle da PDVSA a Guaidó tem significado no que se refere às suas contas no exterior e ao comércio internacional, o controle da Citgo é direto e decisivo, mesmo no que se refere à PDVSA.

“Jóia da coroa”

Em entrevista à revista uruguaia Brecha, o economista venezuelano Manuel Sutherland afirma que o “bloqueio petrolífero” à Venezuela será feito através da “entrega da Citgo a Guaidó”. A Citgo é uma empresa venezuelana que opera nos EUA com cerca de 3,5 mil empregados e 16 mil instalações, incluindo refinarias e cerca de 5 mil estações de serviço. A empresa compra o petróleo venezuelano “médio e pesado”, refina-o e vende-o nos Estados Unidos. Esta petrolífera vende ainda “metade dos diluentes necessários” ao petróleo que a Venezuela produz. O economista considera que a Citgo é a “jóia da coroa”, salientando que atualmente é quase a única fonte de receitas em dinheiro da Venezuela. A France24 considera que a Citgo “foi essencial na sobrevivência do regime chavista”, pois foi decisiva para a venda do petróleo venezuelano nos EUA.

Sem combustível

Citando declarações do cientista político Ivo Hernandez à agência alemã de notícias Deutsche Welle (DW), a cadeia francesa realça que as receitas da Citgo foram “as únicas fontes regulares de dinheiro” que garantiram o funcionamento da “máquina estatal venezuelana” e sublinha ainda que a empresa importa, pelo menos, 175 mil barris por dia de petróleo bruto venezuelano. A empresa tem sido, ainda, importantíssima para o Governo de Maduro noutra vertente, pois tem servido como garantia de empréstimos, com três hipotecas atualmente, sendo a Rússia “virtualmente proprietária de 49%” da Citgo. Para Sutherland, a perda da Citgo implicará para o Governo de Maduro “uma crise por escassez de gasolina”, “uma redução imediata das exportações de petróleo”, uma perda das receitas do que a empresa compra à PDVSA e a “perda da sua principal fonte de divisas”.
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