Levantamento em seis países amazônicos identifica mais de 2.500 locais de mineração não regulamentada, 453 deles no Brasil. Mercúrio usado no garimpo do ouro contamina fauna e populações locais.
Por Redação, com DW - de Brasília
Apesar de décadas de combate à mineração não regulamentada, a Amazônia ainda abriga mais de 2.500 garimpos ilegais, e quase um quinto deles está localizado no Brasil, aponta um mapa divulgado nesta segunda-feira pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental (Raisg). – A incidência de mineração ilegal na Amazônia, especialmente nos territórios indígenas e em áreas naturais protegidas, cresceu exponencialmente em anos recentes, com o aumento do preço do ouro – afirma o secretário executivo da Raisg, Beto Ricardo. O mapa foi produzido por uma rede de organizações ambientais e não governamentais de seis países amazônicos: Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru, Equador e Venezuela. No Brasil, participaram do estudo o Imazon e o Instituto Socioambiental (ISA). Foram compiladas imagens de satélites e notícias publicadas pela imprensa local até 2017, entre outros dados. O levantamento identificou 2.312 pontos e 245 áreas , cuja extensão é determinada por meio de sensoriamento remoto, de extração ou garimpo de ouro e outros minerais. – A busca por minerais de valor parece ser uma epidemia, já que ocorre por toda a Floresta Amazônica. Apesar de a mineração sempre ter sido uma atividade regional, sua proliferação atual não é comparável a nenhum outro período da história da região – diz o estudo. A Venezuela é o país onde a situação é mais grave, com 1.899 garimpos ilegais. O Brasil é o segundo do ranking, com 453, sendo 321 pontos, e 132 áreas. – Há uma epidemia de garimpos no Brasil. Estamos falando do impacto sobre a biodiversidade e as florestas, estamos falando sobre o uso de mercúrio, estamos falando do roubo de riquezas dos povos indígenas e do Brasil – comentou Nico D'Avila, diretor de campanhas do Greenpeace Brasil, ao jornal britânico The Guardian.