Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Eleições e ação militante

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Segunda, 04 de Julho de 2022 às 05:44, por: CdB

Há, portanto, relação estreita entre luta pela conquista de espaços institucionais no regime liberal burguês e luta de massas por direitos sociais e políticos. Nestas lutas, trava-se a luta de ideias, com vistas à hegemonia do pensamento socialista em diferentes setores da sociedade.

Por Elder Vieira – de Brasília

Temos usado este espaço para falar da relação entre eleições, participação política do povo e Partido Comunista, tudo culpa de nosso camarada Rodrigo de Carvalho, afianço-lhes, que escreveu um livro sobre Lula, mídia e hegemonia política, ao qual me referi em artigos anteriores e não me furto a indicar a leitura.
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Há, portanto, relação estreita entre luta pela conquista de espaços institucionais no regime liberal burguês e luta de massas por direitos sociais e políticos
No último dos artigos, ficou a pergunta: Como devem os comunistas atuar nas eleições? Questão aparentemente simples de responder, mas que se recoloca sempre que o País entra em ano eleitoral, e que visita reiteradamente os balanços congressuais dos revolucionários brasileiros. Dissemos aqui que um partido que queira influir nos rumos da Nação deve estar orientado para a disputa do voto, por, entre outras razões, o voto ser, hoje, expressão da inserção social de sua política. No caso do Partido Comunista, essa inserção não somente se expressa no voto: materializa-se na extensão e profundidade de sua organização na base da sociedade e em seu prestígio e força política junto aos trabalhadores e demais segmentos sociais. Podemos dizer que uma coisa está na outra: votos e estruturação extensiva do partido dos comunistas são, a um tempo, expressão e condição da inserção de sua política no seio do povo. As lutas sociais, assim como as batalhas eleitorais e as posições por meio delas conquistadas são instrumentos do aumento da influência e força política do Partido Comunista. Há, portanto, relação estreita entre luta pela conquista de espaços institucionais no regime liberal burguês e luta de massas por direitos sociais e políticos. Nestas lutas, trava-se a luta de ideias, com vistas à hegemonia do pensamento socialista em diferentes setores da sociedade, especial e prioritariamente, na classe operária e camadas populares. E aqui se encaixa a questão: estão os comunistas atuando na participação popular nos processos eleitorais tendo em tela a educação política do povo trabalhador? Têm todos os comunistas manejado adequadamente a disputa pelo voto, e o exercício dos cargos que ocupam por meio dele, de tal forma que cumpram efetivamente a missão de elevar o nível de consciência e organização do povo para ações decisivas orientadas para a conquista do poder político? Todos os procedimentos dos comunistas, já disse de várias maneiras, e estribado em Lênin, o marxista João Amazonas, devem visar à acumulação forças para a conquista do poder pelo proletariado e seus aliados, e considerar a correlação de forças entre as classes em dada conjuntura política. Isso quer dizer, no entendimento deste apoucado escriba, que toda ação de um partido revolucionário é política, tem caráter político, e deve estar orientada para o chão, das fábricas, das empresas, dos bairros, das escolas e universidades, das categorias profissionais e setores da sociedade, e das zonas eleitorais, porque aí está o seu público, e um partido assim se constrói por meio de sua política, e esta política deve chegar às pessoas, ao povo, aos trabalhadores, aos operários e operárias do Brasil.

Política dos comunistas

“Versa sobre platitudes, este articulista”, poderá dizer algum leitor distraído. Talvez esteja de fato chovendo no molhado, este que aqui vos aborrece. Mas, permitam-me ainda perguntar: têm os comunistas em conjunto levado consequentemente sua política? Têm explicitado setores da militância revolucionária seus pontos de vista para o povo? A política dos comunistas, expressa em seu Programa e nas resoluções de suas instâncias, têm chegado de forma clara, modo “papo reto”, para amplas parcelas? Autorizem-me a detalhar melhor: estão muitos dos portadores da bandeira da esperança conseguindo ligar reivindicações imediatas mais sentidas do movimento sindical e popular, projetos de lei, requerimentos e ações parlamentares, políticas públicas pensadas e executadas por seus quadros, à luta antimperialista pela soberania nacional, pela democracia mais alargada e pelo socialismo, e às suas ideias e concepções avançadas? Por palavras mais chãs e leninistas: têm todos os comunistas agido nas lutas sociais e institucionais como tribunos do povo, e posto o seu partido acima de qualquer outro projeto, posição ou entidade? Se todo procedimento de um comunista e seus camaradas está a serviço da acumulação de forças, e esta acumulação se mede pelo nível de organização das massas e do próprio Partido Comunista, e esta organização se dá por intermédio da política revolucionária aplicada em variadas frentes de luta e numa dada correlação de forças, logo, devem todos os comunistas atuar nestas eleições aplicando sua política, propagando sua plataforma eleitoral, ligando busca do voto a bandeiras caras ao povo e ao País, vocalizando suas concepções – suas, e não as de aliados ocasionais, ou as da moda, de matriz estadunidense ou europeia muito ao gosto do mercado. Os comunistas não escondem suas intenções, já se manifestaram Marx e Engels. Que convivam todos, então, com o povo e apresentem a ele, francamente, neste processo eleitoral, suas ideias e intenções. Ousamos dizer que é daí que sairão os votos.

Elder Vieira, é escritor, autor de Os Anos Verdes de Lindaura (e-book, Editora Serra Azul), gestor e servidor público. É militante comunista desde 1983.

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

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