Disputas por cargos expõem novas fraturas na equipe de Bolsonaro
A divisão na equipe de Bolsonaro ocorre, basicamente, pela disputa dos cargos no governo que sequer foi diplomado ainda. Para não transparecer que os desentendimentos ocorrem, Ferreira alegou motivos familiares para recusar o posto.
A divisão na equipe de Bolsonaro ocorre, basicamente, pela disputa dos cargos no governo que sequer foi diplomado ainda.
Por Redação - de Brasília
As disputas internas no comitê de transição entre o governo do presidente de facto, Michel Temer, e o recém-eleito, Jair Bolsonaro, tem elevado a temperatura a ponto de gerar mais uma defecção. Na manhã deste sábado, o general Oswaldo Ferreira desistiu de ocupar um cargo na nova gestão e aprofundou a crise no governo do capitão reformado.
Cotado para o 'superministério' da infraestrutura, o general Ferreira acaba de recusar o posto
A divisão na equipe de Bolsonaro ocorre, basicamente, pela disputa dos cargos no governo. Para não transparecer que os desentendimentos ocorrem, Ferreira alegou motivos familiares para recusar o posto.
Ferreira, um dos mais próximos aliados de Bolsonaro, com quem trabalha há mais de um ano, foi nomeado a pedido do presidente eleito na coordenação de infraestrutura. À primeira vista, foi sugerido que se tratava de mais um dos ‘superministérios’ idealizados na nova estrutura.
A tensão, no entanto, está instalada desde os primeiros dias de trabalho da nova equipe, com avanços e retrocessos do presidente eleito sobre o futuro do governo. O primeiro a ser torpedeado foi o futuro chefe da Casa Civil, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Dois processos em que figura como investigado o citam como receptador de propina em repasses de dinheiro sujo para campanhas eleitorais.
Gabinete
O poder concentrado nas mãos de Lorenzoni incomodou alguns componentes da equipe. Ele foi nomeado até agora, na qualidade de ministro extraordinário. Para desfazer o mal-estar, Bolsonaro decidiu dividir a estrutura de coordenação entre Lorenzoni e o advogado e ex-dirigente do PSL Gustavo Bebianno, forte aliado do vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão.
Bebianno assumiu o posto na segunda-feira, com remuneração de R$ 16.215,22. Ele é cotado para alguns cargos no futuro governo, como ministro da Secretaria de Governo ou chefe de gabinete.
O general Augusto Heleno, que já havia sido anunciado ministro da Defesa, também foi mudado de pasta. Ele tende a assumir o Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Censura
De acordo com aliados, a mudança ocorreu para que o general, nome de confiança de Bolsonaro, fique mais próximo ao eleito e comande uma área estratégica, que cuida da segurança pessoal do presidente da República.
A indicação da deputada Tereza Cristina (DEM-MS) para o Ministério da Agricultura também gerou uma crise no núcleo próximo ao futuro presidente. Houve uma divergência em relação ao ruralista Nabhan Garcia, presidente da União Democrática Ruralista (UDR). Era o nome preferido da parcela mais radical, à direita, liderada por um dos filhos de Bolsonaro.
O remédio encontrado por Bolsonaro para evitar que apareçam as rachaduras no governo que ainda sequer foi diplomado foi a imposição da censura aos integrantes da equipe, evitando que falem com a imprensa. A solução, porém, tem se mostrado inadequada, pois vazam, dia após dia, novas informações sobre tantos desentendimentos.