Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Desenvolvimento regional: obra de engenharia política e técnica

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Quinta, 25 de Novembro de 2021 às 07:09, por: CdB

 

A valorização do salário mínimo (e o consequente aumento real da renda do trabalho), o controle inflacionário e o acesso ao crédito deram bons resultados, associados a um conjunto de programas de cobertura real significativa, como Luz para Todos, Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e outros.

Por Luciano Siqueira - de Brasília

Em paralelo à movimentação das peças no xadrez preparatório das eleições gerais de 2022, cabe avançar na formulação do que possa vir a ser uma plataforma de unidade de amplo arco de forças capaz de vencer o pleito presidencial.
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Refinaria Abreu e Lima é um símbolo da decisão política de impulsionar o desenvolvimento regional
Não é empreitada simples, tal a variedade de fatores que compõem a crise em que o país se vê mergulhado, principalmente de natureza estrutural. E o que se pode pretender é muito, mas em horizonte limitado. Como assim? Limitado pela correlação de forças e pela tarefa prévia de reconstruir o que tem sido destruído, desde Temer e, sobretudo, por Bolsonaro.

Desigualdades regionais

A redução das desigualdades regionais, por exemplo, via maior dinamismo no desenvolvimento de políticas públicas que vinham dando bons resultados. No ciclo dos dois governos Lula e do primeiro governo Dilma o Nordeste, por exemplo, conheceu progressos significativos. Chegou a crescer a taxas mais elevadas do que o conjunto do país. Se acelerou, inclusive, o dinamismo em muitos polos de desenvolvimento intrarregionais, em áreas interioranas dos estados. A região problema passava a ser solução. A rigor, nem se tratava ainda de políticas estruturantes, que fossem a fundo no trato das raízes das desigualdades. Porém suficientes para um alívio considerável de mazelas historicamente persistentes. A valorização do salário mínimo (e o consequente aumento real da renda do trabalho), o controle inflacionário e o acesso ao crédito deram bons resultados, associados a um conjunto de programas de cobertura real significativa, como Luz para Todos, Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e outros. A implantação da refinaria de petróleo no Complexo Portuário de Suape, em Pernambuco, decisão política do governo, por exemplo, impulsionou a retomada da indústria, inclusive em setores tecnológicamente avançados, com irradiação para as regiões circunvizinhas. A tradicional e então alquebrada indústria têxtil, por exemplo, foi relançada via planta industrial moderna.

Educação, ciência e tecnologia e inovação

Concomitantemente, se investiu em educação, ciência e tecnologia e inovação. No período,se  o Brasil dobrou o número de alunos de curso superior, o Nordeste quase triplicou. Uma trajetória duramente afetada pela gestão econômica malfadada do segundo governo Dilma, logo interrompido pelo golpe que alçou Temer à presidência. Campo livre para o avanço do rentismo em toda escala, que capturou as chamadas elites empresariais da região, agora mergulhadas na usura. Na dificuldade, valeu a tradição reacionária em vários setores, que no pleito presidencial passado aderiram à aventura bolsonarista. E agora, José? A questão central é política, e se desdobra no conteúdo técnico, digamos, das propostas. A questão regional numa desejada plataforma de unidade ampla, parte de um futuro pacto político e social, implica engenharia política complexa, em que há que se contemplar prioritariamente as necessidades do mundo do trabalho, sem negar estímulos ao capital empreendedor. Tudo sob o guarda-chuva de um projeto nacional. Barra pesada, Mas, se fosse fácil, não seria tarefa nossa e das correntes progressistas.

Luciano Siqueira, é Médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

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